23 de março de 2017

A genuína Predestinação Bíblica



Por ​Claudionor de Andrade

​INTRODUÇÃO:

​João não precisou de muitas palavras, para mostrar que Deus jamais predestinaria alguém à perdição eterna. No prólogo de seu evangelho, ele deixa bem patente que o amor divino não contempla exclusões; é sempre inclusivo. Mais adiante, descreve a ação salvadora do amoroso Pai com esta belíssima declaração do Cristo: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Logo, se o pecador receber Jesus, herdará a bem-aventurança eterna. Mas, recusando-o, será condenado ao eterno e indescritível suplício. Isso significa, que, até o momento da recusa consciente, nenhuma pré-condenação há contra esse pecador. Ele tanto pode salvar-se, crendo em Jesus, como perder-se, rejeitando-o.

Este é o Plano da Salvação que Jesus, por amar-nos singularmente, consumou no Calvário. Tendo a predestinação como uma de suas principais colunas, é eficaz para livrar-nos do pecado e da ira vindoura. Neste artigo, mostrarei, com a ajuda de Deus, que a predestinação ensinada nas Escrituras Sagradas é sempre salvadora. Os que Deus predestina, predestina-os sempre à salvação. E, quando alguém se perde, perde-se por não haver se curvado ao senhorio de Jesus Cristo.

I. UMA DEFINIÇÃO TRANQUILIZADORA

Se não fosse o rigor extremado da escolástica protestante do século 17, não estaríamos a debater, hoje, com tanta ênfase e desamor, a doutrina da predestinação. Para certos grupos, Agostinho e Calvino têm mais voz do que Paulo, e são mais ouvidos do que o próprio Cristo. Mas isso não deve levar-nos à guerra teológica ou à guerrilha hermenêutica. Deixemos, pois, a Palavra de Deus falar livremente, para que o Deus da Palavra fale com liberdade e redenção.

1. Definição etimológica. A palavra predestinação significa, etimologicamente, destinar antecipadamente. Em o Novo Testamento, o vocábulo grego proorizō, traduzido em nossas Bíblias como o verbo predestinar, traz a ideia de uma ação determinada, ou decidida, de antemão pelo amoroso e presciente Deus. O termo é usado por Paulo, a fim de ressaltar a beleza da salvação em Jesus Cristo (Rm 8.29,30; Ef 1.5, 11).

2. Definição teológica. O predestinacionismo é definido como a doutrina segundo a qual Deus, em sua inquestionável soberania, predestinou uma parte dos seres humano à salvação eterna, e outra, à eterna perdição. Assim entendia o teólogo francês João Calvino (1509-1564). Em cima dessa proposição, os protestantes, conhecidos como reformados, alicerçaram a sua soteriologia; é a pedra de esquina de todo o seu edifício teológico.

O predestinacionismo é conhecido também como a dupla predestinação.

A predestinação genuinamente bíblica, porém, é o ensino de acordo com o qual Deus, com base em seu amor e presciência, elege para a vida eterna os que, ouvindo o chamamento da graça, não a resistem, mas, pela fé, recebem Jesus Cristo como o seu redentor pessoal (1 Pe 1.2; Ef 2:8,9). Logo, os que não atendem ao chamamento do Evangelho destinam-se, a si próprios, à condenação eterna (Jo 16:8-11).

Conforme já dissemos, a predestinação divina é sempre positiva. Deus jamais pré-condenaria alguém ao lago de fogo. Se, por um lado, é soberano, por outro, é amoroso, justo e bom. Quem se perde, perde-se por desprezar o Filho de Deus.

III. A PREDESTINAÇÃO DIVINA É SALVADORA

Na Bíblia Sagrada, não encontramos um versículo sequer, que nos autorize a afirmar ter o amoro Deus predestinado, quer um gentio, quer um judeu, ao lago de fogo. Em todos os casos em que aparece o verbo predestinar, contemplamos o Pai Celeste sempre a eleger, em seu pré-conhecimento, os que se predispõem, ao ouvir o Evangelho, a crer em Jesus Cristo e a recebê-lo como Redentor.

1.​ Eleitos na presciência de Deus. Em sua primeira epístola, Pedro descreve admiravelmente como se dá a nossa predestinação: “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1Pe 1.2).

Desta passagem, infere-se logo que Deus predestinou-nos à vida eterna com base em seu amor presciente, tendo como parâmetro a nossa atitude frente ao Evangelho. Conhecendo-nos previamente a propensão à sua graça, aplainou-nos o caminho, para que, no trecho mais oportuno de nossa jornada, viéssemos a encontrar-nos com o Senhor Jesus. Haja vista o ocorrido com Paulo nas proximidades de Damasco (At 9.1-15). Já converso, o apóstolo reconhece haver sido escolhido pelo Senhor desde os seus antepassados (Gl 1:15; 2Tm 1:3).

2. Predestinados pelo conhecimento prévio de Deus. Na Carta aos Romanos, Paulo explica-nos de que maneira Deus nos predestinou à salvação: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.28).

Tão clara é esta passagem, que ela, por si só, é suficiente para deitar por terra todo o edifício da dupla predestinação. Segundo ensina claramente o apóstolo, Deus, antes de predestinar-nos, conheceu-nos. E, só depois de conhecer-nos, foi que nos elegeu à salvação com base nos méritos de seu Filho, Jesus Cristo. O que experimentamos aqui? A atuação do amor presciente do Pai Celeste.

3. Predestinados para Deus por meio de Cristo. Ao predestinar-nos à vida eterna, Deus não foi movido apenas por sua inquestionável soberania; moveu-o também, antes e acima de tudo, o seu inexplicável amor, conforme realça o apóstolo: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5).

Deus não nos predestinou meramente à salvação; ao predestinar-nos, adotou-nos como filhos em seu Filho. E, de forma tão carinhosa e terna, sempre fomos vistos pelo Pai Celeste. Pode haver maravilha maior que esta?

4. O chamamento dos predestinados. Num primeiro momento, Deus nos predestina à vida eterna; num segundo, chama-nos à revelação de Cristo através da proclamação do Evangelho. Ato contínuo, justifica-nos e, quando do arrebatamento, glorificar-nos-á, conforme acentua o apóstolo Paulo: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.29).

Diante dessa cadeia de ouro, o que fazer? Proclamemos o Evangelho a todos, em todo o tempo e lugar, por todos os meios disponíveis. Ouçam-no todos, indistintamente. Muitos, constrangidos pela mensagem da cruz, receberão o Cordeiro. Quanto aos rebeldes, que se conscientizem do Juízo Final. De posse de um arbítrio livre, desimpedido, mas contumaz e soberbo, rejeitaram o Salvador de todos os homens (1Tm 4:10). Agora, resta-lhes a terrível expectativa do castigo eterno: o lago de fogo (Ap 20:15).  

5. A predestinação no conselho da vontade divina. A base da predestinação genuinamente bíblica é o amor de Deus. Amando-nos com um amor ainda inexplicável, estabeleceu um plano para a salvação de toda a humanidade antes mesmo que viéssemos a existir. Atentemos ao que escreveu Paulo aos irmãos de Éfeso: “Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).

O maravilhoso conselho mencionado pelo apóstolo contemplava a criação do mundo, a formação do ser humano, a redenção deste e a nossa união eterna com o Pai através do Filho. E, para que o Plano de Salvação se efetivasse, Deus chamou, santificou e preparou dois povos (Gn 12:1-3). No Antigo Testamento, Israel. E, no Testamento Novo, a Igreja (Ef 3:9-11).

IV. A PREDESTINAÇÃO DE ISRAEL E DA IGREJA

Coletivamente, tanto Israel quanto a Igreja foram predestinados a serem povo de Deus. Eles jamais deixarão de ser a herança peculiar do Senhor. Individualmente, porém, cada um, de per si, deve perseverar até o fim, para que seja glorificado com o Senhor Jesus.

1. A predestinação de Israel. Em Abraão, o Senhor predestinou Israel a ser o povo escolhido e santo, por excelência, através do qual todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12:1-3). Moisés destaca os israelitas como a propriedade mui particular do Senhor (Dt 7.6). Mais adiante, já no tempo de Isaías, o Deus de Abraão declara amor eterno à progênie de Jacó (Is 44:21; 49:3). O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, confirma a predestinação dos hebreus como povo sacerdotal e profético do Senhor. No fechamento da História Sagrada, todo o Israel (o remanescente fiel e piedoso) será redimido, salvo e glorificado (Rm 11:26).

Se Israel, coletivamente, está predestinado a ser povo de Deus, individualmente, cada israelita é chamado a perseverar nos caminhos divinos até o fim. Por intermédio de Ezequiel, o Senhor é categórico quanto à responsabilidade de cada indivíduo: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este” (Ez 18:20).

Logo, apesar da predestinação coletiva de Israel, como povo de Deus, ser um fato inquestionável, cada israelita é exortado a permanecer no caminho divino. Caso contrário, não será contato como propriedade do Senhor.

2. A predestinação da Igreja de Cristo.  A Igreja, quer você persevere no caminho da santíssima fé, quer dele se desvie, jamais deixará de ser o povo Deus. Formada por judeus e gentios, ela foi predestinada, na mais remota eternidade, a ser a Noiva do Cordeiro (Ef 3.1-21). Por esse motivo, o próprio Senhor instiga-nos a ir até o fim, para que jamais venhamos a perder a salvação (Mt 24:13; Ap 2:10).

Infelizmente, não são poucos os que, apesar de haverem experimentado a salvação, vêm a desprezar o Cordeiro de Deus e a pisar o sangue da Nova Aliança (Hb 10.26-30). Mencionemos, também, os que, nestes últimos dias, apostatam da fé, ignorando por completo o Crucificado (1Tm 4.1). Os tais, apesar de terem feito, um dia, parte da Igreja de Cristo, de Cristo se desviaram. E, assim, deixaram de fazer parte de seu corpo místico.

Tendo em vista o que acima expusemos, uma pergunta faz-se imperiosa: Pode o predestinado vir a perder a salvação? Antes de a respondermos, vejamos como se dá o processo salvador na vida de quem recebe Jesus como o seu Salvador.

V. O PROCESSO DE SALVAÇÃO

1. A salvação na presciência divina. Deus conhece todas as coisas antes mesmo de estas tornarem-se fatos e proposições. Através de Isaías, Ele fala de sua presciência: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.9,10).

Em sua amorosa presciência, Deus já sabia, desde a mais impensada eternidade, quem haveria de receber o Senhor Jesus Cristo. Por esse motivo, alcançou, através do Evangelho, cada alma disposta a crer. Nós, portanto, fomos eleitos pelo Pai Celeste antes de virmos ao mundo, conforme enfatiza Pedro: “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1Pe 1.2).

A declaração do apóstolo acha-se em perfeita consonância com a de Paulo: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).

Tendo em vista as passagens acima transcritas, concluímos que, para eleger-nos à vida eterna, Deus utilizou, em primeiro lugar, o amor, que jamais deixou de ser eterno, e a sua presciência, que sempre foi infalível. Ele não usaria nenhum critério que viesse a ferir os próprios atributos morais como o amor, a justiça, a benignidade e a misericórdia. Sua soberania, embora absoluta e inquestionável, é regida por tais virtudes. Portanto, o Deus dos santos profetas e dos apóstolos de Jesus Cristo jamais redigiria o chamado decreto horrível. Ou seja: a predestinação de uma parte de suas criaturas morais, quer anjos, quer homens, ao lago de fogo.

2. O chamamento à salvação. Sabendo, pois, de antemão quem receberia a Cristo, providenciou-nos Deus o chamamento através da pregação evangélica, conforme muito bem explicita Paulo: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).

Vejamos dois exemplos bastante emblemáticos extraídos dos Atos dos Apóstolos que nos ilustram o texto paulino.
O primeiro é o caso do oficial de Candace, rainha dos etíopes. Do texto sagrado, depreendemos que esse homem ia regularmente a Jerusalém, a fim de adorar a Deus. E, sabendo o Senhor que ele ansiava por salvação, ordenou a Filipe que o evangelizasse (At 8.26-30). Ouvida a palavra da fé, o etíope, recebendo prontamente a Jesus, requer o batismo (At 8.26-30).

Eis, agora, o caso do centurião romano. Este homem austero e grave, fazia continuas orações ao Senhor e, para agradá-lo, socorria os pobres. Sabendo Deus que o seu coração estava predisposto a aceitar Jesus, ordenou que Pedro o evangelizasse. Diante da proclamação do Evangelho, recebeu a fé, e, de imediato, foi batizado no Espírito Santo e até línguas falou (At 10.44-48).

Todavia, não devemos evitar a pergunta: Mesmo conhecido, eleito e predestinado, pode o crente vir a perder a salvação? Busquemos elucidar a questão que tem incomodado tanta gente.

VI A PERDA DA SALVAÇÃO

Para respondermos a essa pergunta, evoquemos o episódio de Atos que narra o naufrágio do navio que levava Paulo a Roma. O apóstolo, ante a iminência do desastre, exorta tripulantes e passageiros a permanecerem a bordo. Se o escutassem, ninguém pereceria. Caso contrário, perder-se-iam. Que todos estavam predestinados a se salvar, não resta dúvida. Contudo, havia uma condição: conservar-se a bordo (At 27;30,31).

De igual forma, dá-se com o salvo. Que ele está predestinado a salvar-se, não há dúvida. Entrementes, deve perseverar até o fim, conforme recomenda o Senhor Jesus (Mc 13:13). Isso não significa que a perda da salvação é algo corriqueiro e banal na vida do povo de Deus, pois temos a consolar-nos a doutrina da perseverança dos santos.

1. A perseverança dos santos. Embora rejeitemos o ensino da segurança absoluta e incondicional de salvação, temos a consolar-nos a doutrina da perseverança do crente neste mundo que jaz no maligno. Eis como Judas, irmão de Tiago, alenta-nos ante as vicissitudes de nossa jornada: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (Jd 1.24,25).

Não obstante os perigos que nos cercam a peregrinação à Nova Jerusalém, a Bíblia Sagrada garante-nos que é possível ter, neste mundo, uma vida santa, irrepreensível, testemunhal e confessante, sem tropeços, até chegarmos à presença de Deus. Afiança-nos Paulo: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). Logo, a nossa trajetória espiritual, à semelhança da luz da aurora, vai brilhando cada vez mais, até ser dia perfeito (Pv 4.18).

2. A salvação exige perseverança até o fim. A mesma Bíblia que nos alenta com a doutrina da perseverança, persuade-nos à responsabilidade pessoal. Em suas páginas, o Espírito Santo desperta-nos a perseverar até o fim (Hb 10.38). Ouçamos o Senhor Jesus. Em seus discursos e alocuções, encoraja cada discípulo a ir até o fim, para que seja total, plena e eternamente salvo (Mt 10.22; 24.13; Mc 13.13).

Já que temos as promessas da eleição e as bem-aventuranças da predestinação, vivamos em permanente oração e vigilância (Mt 26.41). Caso contrário, perderemos a coroa da vida eterna (Tg 1,12; Ap 2.10).  

CONCLUSÃO:

Predestinados à eternidade com Deus, não tenhamos uma espiritualidade desleixada e leniente. Esforcemo-nos, então, por alcançar a excelência cristã, pois o Pai Celeste espera sempre o melhor de seus filhos. Eis o que nos recomenda o apóstolo na Epístola aos Hebreus: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (Hb 6.9).

Quanto à possibilidade de o crente predestinado vir a perder a salvação, como alguns de fato a perderam, não vivamos amedrontados, pois temos a ajudar-nos o Espírito Santo. Eis o que Ele promete-nos através do apóstolo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8: 28).

Que o Senhor nos ajude a permanecer firmes em seus caminhos, pois, em breve, virá Ele buscar-nos para vivermos na Jerusalém Celeste.

Fonte: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=414557822229819&id=100010268147141

7 de março de 2017

Três perguntas que as pessoas fazem sobre o batismo com o Espírito Santo



Por George O. Wood 

A família mundial das Assembleias de Deus hoje totaliza cerca de 68 milhões de pessoas, louvando em mais de 365.000 igrejas! O que o Senhor tem feito ao redor do mundo através de crentes e líderes cheios do Espírito Santo é absolutamente incrível. É vital que não percamos o fator distintivo que tem alimentado este crescimento: nossa dependência do Espírito Santo e nossa doutrina do batismo com o Espírito Santo, com evidência física inicial de falar em outras línguas. 

Pensei que seria útil rever três questões que são frequentemente levantadas por pessoas, dentro e fora de nossa Associação¹, acerca de nosso foco no batismo com o Espírito. Acredito que estas três questões serão benéficas para você. 

O que é o batismo com o Espírito Santo?

O Novo Testamento aponta três batismos. O primeiro é quando o Espírito nos batiza em Cristo (I Coríntios 12:13); isto se chama conversão. O segundo batismo é em águas, a evidência externa de nossa conversão (Atos 2:38,41). O terceiro é quando Cristo nos batiza com o Espírito (Mateus 3:11).

Em cada caso, o batismo representa imersão: imersão em Cristo, imersão em águas, e imersão no Espírito Santo. O agente do batismo é diferente em cada caso: o Espírito na conversão, a pessoa que batiza a outra em águas e Cristo que batiza com o Espírito. Eu amo me referir ao batismo com o Espírito como ser "submerso no Espírito." Esta submersão pode ser subsequente à conversão (Atos 2:4) ou contemporâneo à conversão (Atos 10:44-46). Todos os três batismos devem ser unidos como parte do que chamamos de "grupo de conversão".

Qual é a relação entre falar em línguas e batismo com o Espírito?

Como as pessoas sabem que são batizadas em águas? Bem, elas estão molhadas. Em outras palavras, o batismo em águas tem um componente físico. O batismo com o Espírito também tem um componente físico: falar em outras línguas. A formulação doutrinária para isto é simplesmente que as línguas são a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo. Perceba estes três termos descritivos: 

(1) É inicial. É um portão de entrada à vida capacitada pelo Espírito. Ao longo de nossa jornada cristã, falar em outras línguas torna-se um componente vital da oração ao prover o louvor a Deus que vai além de nossos limites de vocabulário e intercessão naqueles momentos em que não sabemos como traçar nossos pedidos numa linguagem aprendida. 

(2) É físico. Isto significa que a fala sobrenatural está envolvida quando falamos numa língua que não aprendemos.

(3) É evidência. Isto é, assim como as pessoas sabem que foram batizadas nas águas porque estão molhadas, nós sabemos que recebemos o batismo com o Espírito Santo porque falamos em outras línguas.

Como recebemos o batismo com o Espírito Santo? 

Jesus disse que deveríamos pedir para receber (Lucas 11:13). Isto é, deve haver uma fome ou um desejo em nossos corações. Nós também devemos lembrar que estamos falando do Espírito Santo; Assim, devemos analisar conscientemente nossas vidas e pedir a Ele para limpar nossos corações.

Muitas vezes ajuda encontrar alguém que tenha recebido o batismo no Espírito colocar as mãos sobre nós e orar para que possamos receber.

Finalmente, quando o Espírito começa a formar palavras desconhecidas em nossos pensamentos, devemos expressá-los: o Espírito está querendo orar através de nós em uma língua que não entendemos. No entanto, devemos lembrar que o batismo com o Espírito é um ponto de partida para viver todos os nossos dias na plenitude do Espírito e em Sua capacitação para nossas vidas.

Texto original: Three Questions People Ask About the Baptism in the Holy Spirit. 

Extraído de HYPERLINK http://penews.org/features/three-questions-people-ask-about-the-baptism-in-the-holy-spirit http://penews.org/features/three-questions-people-ask-about-the-baptism-in-the-holy-spirit. Acesso em 07/03/2017

1. Associação Mundial das Assembleias de Deus. 

Tradução: Thiago Fidelis (fb.com/thiagomfidelis)

Sobre o autor: George O. Wood (B.A., Ph. D., J. D.) é Superintendente Geral das Assembleias de Deus dos Estados Unidos (2007 - )  e Secretário Geral da Aliança Mundial das Assembleias de Deus (2008 - ).

6 de março de 2017

O jovem cristão e o cuidado com as leituras.




Por Everton Edvaldo

Há algumas décadas passadas, estimava-se que 90% dos cristãos não tinham o hábito de ler a Bíblia nem de investir na literatura teológica. O estudo contínuo e sistemático da Bíblia era pouco incentivado e o anti-intelectualismo pairava sobre muitos.

Certamente, existia uma série de fatores que influenciavam esse desinteresse por estudar a Bíblia.

Primeiramente, o fator social. Grande parte dos cristãos que viveram em décadas passadas pertenciam à classe baixa da população, não tendo uma boa educação, sendo muitas vezes analfabetos funcionais.

Tais cristãos não se preocuparam em investir em cursos de teologia, compra de livros e leitura por causa da situação social em que se encontravam.

Um segundo fator que influenciou esse desinteresse pelo conhecimento bíblico deve-se as ocupações dos cristãos no passado.

A mulher era mais restrita ao lar e ficava responsável pelos afazeres da casa, assim como cuidar dos filhos. Os homens se dedicavam ao trabalho e se preocupavam em sustentar sua família. Isto fez com que o conhecimento deles dependesse basicamente daquilo que aprendiam nos cultos de ensino/doutrina, pregações e na Escola Dominical.

Um terceiro fator que gostaria de pontuar é o da disponibilidade e qualidade de livros no mercado. Antigamente, os livros não estavam disponíveis na mesma proporção que existem hoje.

Hoje, podemos comprá-los até mesmo pelas plataformas digitais e a quantidade de livrarias é bem maior. O marketing, a publicidade e a internet contribui bastante para a disponibilidade desses livros. Os seminários também não possuíam a qualidade atual.

Atualmente,  o quadro está positivamente diferente e eu louvo a Deus por isso. A nova geração de jovens cristãos é bombardeada diariamente com conteúdo bíblico.

Obviamente isso é uma boa notícia! Os jovens gostam de ler e estão lendo!  Entretanto, esse excesso de exposição à informação literária-teológica pode ser prejudicial à juventude cristã, quando feito de forma errada. Isso porque falta maturidade em alguns jovens para a leitura. 

O ponto chave da questão é que precisamos ler, mas sobretudo ler com qualidade e, para ler com qualidade, devemos ser seletivos.

Um dos principais erros cometidos por alguns jovens que se apaixonam pela leitura é a busca prioritária e desenfreada por livros de teologia sem o hábito de ler a Bíblia. Alguns conhecem mais o que os teólogos dizem sobre Deus do que a Bíblia.

Uma observação que gostaria de fazer é que não estou querendo reprimir a leitura de livros, mas sim encorajar a leitura prioritária da Bíblia, pois foi esse o conselho que o apóstolo Paulo deu a Timóteo:

"Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino." (1 Timóteo 4:13).

É ela que deve ser nosso objeto primário de estudo. Os livros nos servem como auxílio e boas ferramentas para que venhamos compreendê-la bem. 
 
Um dos perigos de ler livros sem ter o hábito constante de ler a Bíblia, é que o leitor terá sua construção de pensamento escriturística influenciada diretamente pelo livro. Bem, se essa influência for heterodoxa e herética, certamente será nociva à mente daquele jovem.

Só quando estivermos fundamentados na Palavra de Deus, teremos maturidade para lermos qualquer livro de teologia  e reter apenas aquilo que for bom, saudável e edificante. Infelizmente, há jovens que leem livros de teologia sem nunca terem lido a Bíblia toda.

A consequência disso, é que aquela visão teológica por trás desses livros é que será o óculos usado para enxergar as doutrinas cristãs. Claro, isso só acontece aqueles jovens que acreditam em tudo que leem sem ao menos examinarem as Escrituras.

Permita-me falar um pouco sobre minha experiência como estudante da Bíblia.

Quando comecei a ler a Bíblia, não me preocupei em estudá-la simplesmente para obter conhecimento. Eu a lia (como ainda faço), por necessidade, pois ela é o nosso alimento diário. Coloquei em meu coração o propósito de ler toda a Bíblia de Gênesis à Apocalipse e com a ajuda de Deus, a li toda por três vezes. Até então nunca tinha lido um livro de teologia. 

Nesse período, várias dúvidas surgiram na minha mente e eu orava a Deus em busca das respostas. Como prioridade, eu procurava ajuda na própria Bíblia e só depois (caso fosse um assunto intrigante) eu recorria aos professores que tinha na Escola Dominical. Tudo isso aconteceu durante dois anos.

Depois disso, lembro-me de criar o hábito de ler as lições da Escola Dominical e me apaixonar em pela leitura delas. Eu lia as lições da Escola Dominical da minha congregação e também comprava lições de outras denominações. Foi aí que tive o contato com a livraria evangélica e passei a comprar livros. Desde então, sou apaixonado por livros de teologia, apologética e outras categorias. Leio de tudo um pouco, e submeto esse conhecimento à Palavra de Deus.

Portanto caro jovem cristão, gostaria de dar algumas dicas para os que também  sentem desejo de estudar a Palavra de Deus:

1. Leia a Bíblia continuamente. Peça para que o Espírito Santo te ajude a compreender o que está sendo dito e te direcione a aplicar na sua vida diária. Leia meditando e com amor (cf Josué 1.8;  Salmo 119).

2. Não se deixe vencer pelas dificuldades que estão ao teu redor. Se você sente alguma dificuldade durante a leitura da Bíblia como: sono, problemas na visão ou no ambiente em que vive, te aconselho a buscar um lugar da casa, da escola ou da faculdade que tenha uma boa iluminação e que você sabe que poderá se concentrar ali. Durante a leitura, marque com uma caneta/lápis, as partes importantes do texto que está lendo.

3. Seja seletivo na compra de livros teológicos. Procure boas referências nas livrarias. Autores que tenham compromisso com a Palavra de Deus e com o Deus da Palavra. Também é bom busque conhecer o que sua igreja crê e ler livros e autores que esclareçam isso. Por exemplo, se você é um jovem pentecostal, busque conhecer quais são as bases desse movimento. Não desconheça suas raízes! Isso é bom, pois, não correrá o risco de criticar algo que desconhece.

4. Cuidado com as heresias. Há livros de teologias repletos de ensinos que são totalmente contrários à Palavra de Deus. Sendo assim, não deixe de examinar as Escrituras. (Mateus 22.29; João 5.39; At 17.11).

5. Reconheça a supremacia das Escrituras  (2 Timóteo 3:15-17). Saiba que ela é inerrante, poderosa, transformadora e é a Palavra de Deus. Por isso, nenhum outro livro humano pode ser equiparado com ela, mesmo que seja de natureza teológica. Tudo quanto você lê e ouve deve ser submetido à ela.

Seguindo esses conselhos, o jovem cristão estará fundamentado na verdade e apto para combater os falsos ensinos, cuidando de si mesmo e da doutrina (1 Timóteo 4.16).

Deus abençoe a todos!