27 de janeiro de 2017

A cura da sogra de Pedro


Por Everton Edvaldo 

Leitura Bíblica: (Mateus 8.14,15; Marcos 1.29-31; Lucas 4.38,39).

Introdução: Hoje vamos analisar a narrativa da cura da sogra de Pedro. Veremos o contexto em que a passagem está inserida, como estava a sogra de Pedro, o que Jesus fez por ela e qual foi sua reação após ser curada por Jesus. Ao longo do sermão, refletiremos sobre cada ponto abordado e extrairemos lições preciosas sobre o nosso Jesus.

I- CHEGANDO NA CASA:

Logo pela manhã de um sábado, Jesus entra em Cafarnaum, cidade importante da Galileia. (MC 1.21). Após passar toda a manhã ensinando com autoridade na sinagoga e ter expulso um espírito imundo de um homem, Jesus vai para a casa de Pedro e André acompanhado por Tiago e João (Mc 1.29). É provável que Jesus estivesse exausto fisicamente. Nesse sentido, a casa de Pedro era um ótimo lugar para comer e repor as energias. "Esta casa parece ter sido a casa de Jesus em Cafarnaum." (ROBERTSON, p. 95). 

Chegando na casa, rogaram-lhe pela sogra de Pedro, contando-lhe logo (Mc 1.30, eutheōs isto é, "sem demora", "imediatamente", "tão logo") a situação daquela mulher (Mc 1.30; Lc 4.38).

II- IDENTIFICANDO O PROBLEMA:

Nenhum dos três escritores informaram  o nome dessa mulher, apenas  identificaram-na como "sogra de Pedro." 

Mateus, Marcos e Lucas nos apresentam detalhadamente qual era a condição física em que ela se encontrava.

Essa mulher estava:

• acamada/jazendo (Mt 8.14; Mc 1.30), 
• ardendo em febre (ARA- Mt 8.14),
• com febre (Mc 1.30),
• febre muito alta (Lc 4.38),
• enferma (Lc 4.38).

Sobre Lucas 4.38, "E estava enferma com muita febre", Robertson explica: 

"...um passivo imperfeito perifrástico, o tempo analítico acentuando a febre contínua, talvez crônica e certamente grave." (ROBERTSON, p. 95).

Observe que a situação que essa mulher se encontrava não era nada estável. Febre alta era um sinal de que algo fora do normal estava acontecendo em seu corpo. 

Os médicos advertem que a febre é sempre motivo de preocupação, por ser um alerta de que alguma infecção pode estar se iniciando em nosso organismo.

Geralmente, quem tem febre alta pode sentir vários sintomas, entre eles: alucinação, irritabilidade, convulsão, desidratação, calafrios, dores musculares e articulares, sudorese excessiva, fadiga, falta de apetite, sonolência, tosse, falta de ar, diarréia, lesões cutâneas, etc. 

É provável que a sogra de Pedro tenha sentido alguns desses sintomas, ficando dessa forma, acamada e trazendo preocupação aos discípulos. O quadro era esse: asogra de Pedro era a vítima, e a febre alta, a causa de sua enfermidade. 

III- O QUE JESUS FEZ PELA SOGRA DE PEDRO:

Diante da gravidade de problema, Jesus não hesita em ter misericórdia daquela mulher. Era sábado, ele havia ensinado a manhã toda na sinagoga, estava fadigado, mas isso não constituiu um obstáculo para atender quem estava precisando de socorro. Não existe circunstância alguma que o impeça de socorrer o aflito. Não há horário, dia, não importa quantas pessoas estejam no momento, se são quatro ou cinco, ou até mesmo se é apenas uma febre alta. Se existem problemas, devemos contá-los a Jesus. 

Foi assim que os discípulos encaram a situação: existe algo que não está bem nesse ambiente, mas Jesus está na casa. 

De posse dessas informações, e de três relatos sobre esse episódio, podemos identificar cinco coisas que Jesus fez pela sogra de Pedro. Tentarei harmonizar os detalhes de forma cronológica.

A primeira coisa que Jesus faz é ver aquela mulher (Mt 8.14).

Não sabemos por quanto tempo ele olhou para a sogra de Pedro. Talvez esses segundos tenham sido inquietantes para os discípulos. O que será que ele vai fazer? Será que vai curá-la? Era necessário vê-la. O Mestre estava ali como um medico atencioso que observa seu paciente antes de medicá-lo. 

Jesus vê! Nada escapa de seus olhos. Os deuses fabricados pelos homens têm  olhos mas não veem, mas Jesus vê! Seu olhar consegue enxergar o que a medicina, com sua avançada tecnologia, não enxerga.

A segunda coisa que Jesus faz é aproximar-se dela (Mc 1.31).

Ele poderia simplesmente ter dado uma palavra de onde estava e aquela mulher seria curada, porém preferiu chegar-se a ela. 

Muitas vezes não entendemos o trabalhar de Deus porque acreditamos que ele age apenas de uma maneira. Porém, devemos entender que o mestre têm suas estratégias e sabe como usá-las sabiamente em cada ocasião.

Assim como nessa passagem, Jesus tem um propósito em se aproximar daqueles que estão impossibilitados de irem até ele. Biblicamente falando, a presença preveniente de Jesus é a marca do Cristianismo. Ali, os discípulos puderam sentir de perto o significado do nome Emanuel, isto é, "Deus conosco". 

Jesus inclinou-se para ela, a tomou pela mão e repreendeu a febre (Mt 8.15; Mc 1.31; Lc 4.39).

A NVI diz: "Parou ao lado da cama dela." (ROBERTSON, p. 101). Essa "atitude de Jesus é precisamente a de qualquer médico solidário e gentil." (ROBERTSON, p. 96). 

Nesse momento, ele pega a mão dela e repreende a febre.

Há algo curioso nessa passagem. Lucas como médico e detalhista, foi o único que descreveu a repreensão da febre. 

"Jesus mandou que a febre a deixasse, da mesma maneira como falou ao vento e às ondas, onde Lucas usa este mesmo verbo (8.24)." (ROBERTSON, p. 96).

Imediatamente a febre a deixou. 

Agora curada, aquela mulher estava habilitada para se levantar daquela cama. Primeiro porque o problema já havia lhe deixado e segundo, porque Jesus estava tomando-a pela mão. Foi exatamente o que ela fez. 

"Ela se levantou imediatamente, embora uma febre alta e longa normalmente deixe a pessoa muito fraca. A cura foi instantânea e completa. Ela começou a servir imediatamente e assim continuou." (ROBERTSON, p. 96). 

Por fim, ela passar a servir a mesa para Jesus e seus discípulos. 

Conclusão: Nessa passagem aprendemos uma cura simples, porém significante para Jesus. Ele sabia que essa mulher era importante para Pedro e quando ela precisou, ele a socorreu.

Diferente do que muitos imaginam, não é porque estamos servindo a Deus que nós ou pessoas da nossa família estão isentas de enfermidades. Deus permite-as para manifestar a sua glória. A febre representa os problemas diários que nos acomete e nos deixa prostrado, cabisbaixo e cansado. 

Por causa dela, aquela mulher não estava nem conseguindo fazer as atividades básicas de sua casa. A cama era sua fronteira.

A reação de Pedro e dos outros é de contar a Jesus. Conte sua situação a Jesus. É muito comum no meio cristão ver crentes que ao ter um filho enfermo, ao invés de rogar por ele a Jesus, busca primeiro refúgio nos médicos. Ora, é verdade que não podemos desprezar a medicina, porém não devemos nos esquecer de que o médico Jesus não mudou e que ele continua operando. 

Chame por Jesus e ele não tardará em se aproximar. A cama não é o nosso lugar. Deus quer nos ver de pé, agindo, trabalhando. Por isso ele pega em nossa mão, repreende todo obstáculo espiritual e só assim nós temos forças para nos levantar e servir. 

Sim, muitas vezes precisamos que algo nos deixe para que possamos servir. Você acha que se a febre não tivesse deixado a sogra de Pedro, ela teria forças para se levantar e servi-los? De forma alguma! 

Por último, não se esqueça de servir após obter a vitória sobre essa dificuldade. Você é uma peça importante no reino de Deus e não pode desperdiçar o que ele fez por você fazendo outras coisas. Por isso, sirva a Deus com gratidão sabendo que sempre pode contar com ajuda dele.

Que Deus abençoe a todos!

Bibliografia: 

ROBERTSON, A.T. Comentário de Lucas. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

17 de janeiro de 2017

Porque saí da Igreja Universal do Reino de Deus?


Por Everton Edvaldo

COMO CONHECI A UNIVERSAL

A Igreja Universal do Reino de Deus é uma das denominações que mais crescem anualmente no Brasil. Boa parte desse crescimento, é resultado de um intenso trabalho nos meios de comunicação através de programações na TV, rádios, jornais, livros, etc.

Eu conheci a Universal através de uma colega da minha mãe. Ela entregou uma rosa vermelha à minha mãe e pediu para que fossêmos ao culto à noite, levando conosco a rosa. Era um culto de libertação. Nós fomos!

Chegando lá, o culto já havia começado e sentei nas últimas cadeiras  da congregação, juntamente com minha mãe.

Fomos bem recepcionados e lembro de alguém ter nos convidado para sentarmos mais à frente. De repente, o pastor "determina" que os demônios manifestassem em algumas pessoas. Então eu ouvi várias pessoas gritando e alguns obreiros colocando a mão na cabeça delas para que o mal fosse expulso. Em meio àquela  gritaria, o pastor veio pelo meio da igreja e colocou a mão na cabeça da minha mãe que caiu imediatamente com os joelhos no chão.

Desde aquele dia, não deixamos de ir para a Universal. Lembro que quando saímos do culto, perguntei à minha mãe se ela lembrava de alguma coisa. Ela respondeu que não lembrava de nada, e não entendia porque estava sentido dores nos joelhos. Foi então que eu contei a ela o acontecido. Isso foi dia 08/05/2012, numa terça-feira.

OS MESES SEGUINTES

No domingo pela manhã, fui  novamente ao culto. A igreja estava cheia. Foi naquele dia que a graça de Deus me alcançou. Entreguei minha vida a Deus e passei a servi-lo em verdade e em sinceridade até os dias de hoje.

Levou pouco tempo para enxergar que aquela denominação não era uma igreja que levava a Bíblia a sério.

Primeiramente, uma semana após ter me convertido, o pastor me batizou nas águas. Eu não sabia nem o porque estava me batizando até o momento que o pastor falou algumas palavras na hora de imergir meu corpo no tanque.

Na mesma semana eu entrei no grupo jovem. Era um grupo de jovens e adolescentes que saía nas ruas para convidar pessoas e jovens para vir aos cultos, entregar jornais, convites, entre outras coisas. Nessa período, Deus suscitou em mim o desejo de  começar a ler a Bíblia de Gênesis à Apocalipse.

Como não havia Escola Dominical, Culto de Doutrina/Ensino e discipulado, eu percebi que aquela igreja não valorizava tanto o ensino Bíblico.

Lembro-me de uma vez, o líder do grupo jovem, pedir para os jovens abrirem à Bíblia no livro de "Echôdu".

Durante os quatro meses que passei lá, só me recordo do pastor ter pregado no Novo Testamento duas vezes. As demais pregações se concentravam no Antigo Testamento. Boa parte delas falando sobre ofertas, sacrifício, bênçãos materiais, etc.

O tempo foi passando e aconteceu outro episódio que me afetou bastante. Numa das reuniões, o pastor-auxiliar (que na época tinha 18 anos), pediu para que fosse trazido roupas e fotografias de pessoas da nossa família, que desejássemos a libertação. Por inocência, minha mãe teve a ideia de desenhar  os nossos familiares no papel que eles tinham distribuído. Ao ver aquilo, o pastor-auxiliar zombou da minha mãe na frente de todos que estavam presentes no culto, dizendo que aquilo não servia e que queria fotografias.

Minha mãe se sentiu constrangida com esse acontecimento. Lembro dela dizendo: "Eu fiz de coração". Aquilo me comoveu.

Esse mesmo pastor, uma vez, disse na frente dos jovens que eu não servia para ser obreiro, porque sou magro e o demônio me derrubaria com muita facilidade. Comecei a rir, junto com os outros jovens, para disfarçar o ocorrido.

As minhas impressões começaram a piorar quando achava um absurdo as constantes campanhas com o propósito de arrecadar enormes quantias de dinheiro. Haviam pessoas que até entregavam suas alianças a fim de se apropriarem das promessas de prosperidade.

Outra coisa que me chocava, era o uso de objetos como se fossem amuletos para proteção, cobertura e libertação. Rosa ungida, algodão ungido, água ungida, camisa ungida, sabonete de aroeira para tomar banho à meia-noite,  pulseiras para proteção, colares, etc.

A SAÍDA

Ao fim de quatro meses, não aguentava mais aquilo. Foi quando tive a ideia de sair da universal e procurar uma igreja séria para congregar com minha mãe. Conversei com ela durante uma semana sobre isso.

Então fomos conversar com o pastor, no púlpito, anunciando a mudança de denominação. O pastor confessou que não entendia o porque estávamos saindo da igreja para a Assembleia:

"Aqui a gente determina e Deus faz, lá vocês tem que esperar a bênção chegar."

O pastor também disse que as enfermidades que estavam em mim e na minha mãe, voltariam. Foi o cúmulo do absurdo! Como não tinha tanto conhecimento Bíblico,  não lhe dei respostas e voltei para casa com minha mãe. Na outra semana ingressamos na igreja Assembleia de Deus, onde estamos há mais de quatro anos.

16 de janeiro de 2017

Distinção entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda- Dave Hunt

Dave Hunt
E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras... Certamente, venho sem demora” (Ap 22.12,20).

O encontro nos ares

Essas palavras, as últimas de Cristo que foram registradas por escrito, confirmam Sua promessa anterior: “...voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.3). Paulo faz referência ao cumprimento dessa promessa:“Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, ...e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; ...depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17).
Como resposta a essas promessas de Cristo, “o Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 22.17);ao que João adiciona, jubilante: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20b). Quem é essa Noiva? Após declarar que esposo e esposa são “uma só carne”, Paulo explica: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32).

A qualquer momento

As palavras de Cristo, do mesmo modo como as de João, do Espírito e da Noiva, não fariam sentido se essa vinda para levar os crentes para Si mesmo tivesse que esperar a revelação do Anticristo (perspectiva pré-ira) ou a consumação da Grande Tribulação (perspectiva pós-tribulacionista). Uma vinda de Cristo “pós-qualquer coisa” para Sua Noiva simplesmente não se encaixa nessas palavras das Escrituras. Afirmar que a Grande Tribulação deve ocorrer primeiro, para que o Espírito e a Noiva digam: “Vem, Senhor Jesus”, é como exigir o pagamento de uma dívida que vai vencer somente em sete anos!
Um Arrebatamento “pós-qualquer coisa” vai contra várias passagens das Escrituras que demandam claramente a vinda de Cristo a qualquer momento (iminente). O próprio Jesus disse: “Cingido esteja o vosso corpo, e acesas as vossas candeias, sede vós semelhantes a homens que esperam o seu senhor” (Lc 12.35,36a). Esse mandamento seria ridículo se Cristo pudesse vir para o Arrebatamento apenas após os sete anos da Tribulação.
A vinda que a Noiva de Cristo tanto deseja levará à ressurreição dos mortos e à transformação dos corpos dos vivos. Isso fica bem claro não somente em 1 Tessalonicenses 4, mas também através de outras passagens: “...de onde (os céus) aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3.20-21). Muitas outras passagens também incentivam os crentes a vigiar e esperar com intensa expectativa. Essas exortações somente fazem sentido se a possibilidade de Cristo levar Sua Noiva para o céu puder ocorrer a qualquer momento: “...aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.7); “...deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro, e para aguardardes dos céus o Seu Filho...” (1 Ts 1.9-10); “...aguardando a bendita esperança e a manifestação do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13); “...aparecerá segunda vez ...aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28); “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor” (Tg 5.7).
Diferentes opiniões sobre o Arrebatamento não afetam a salvação, mas deveríamos procurar entender o que a Bíblia diz. A Igreja primitiva estava claramente esperando o Senhor a qualquer momento. Estar vigiando e esperando por Cristo, se o Anticristo deve aparecer primeiro, é como esperar o Pentecoste antes da Páscoa. No entanto, Cristo exortou: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25.13); “...para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai” (Mc 13.36-37).

A surpresa da Sua vinda

A seguinte afirmação de Jesus também não se encaixa numa vinda pós-tribulacionista: “Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44). É absurdo imaginar que qualquer pessoa sobrevivente da Grande Tribulação, que tenha visto os eventos profetizados (as pragas e julgamentos derramados na terra; a imagem do Anticristo no Templo; a marca da besta imposta a todos que quiserem comprar e vender; as duas testemunhas testificando em Jerusalém, sendo mortas, ressuscitadas e levadas ao céu; Jerusalém cercada pelos exércitos do mundo, etc.), tendo contado os 1260 dias (3 anos e meio) de duração da segunda metade da Grande Tribulação (preditos em Apocalipse 11.2-3;12.14), poderia imaginar naquela hora que Cristo não estaria a ponto de retornar! Após todos esses acontecimentos, isso será por demais evidente. Portanto, simplesmente não há como reconciliar uma vinda de Cristo pós-tribulacionista com Seu aviso de que virá quando não estiver sendo esperado.

Distinção entre Arrebatamento e Segunda Vinda

Somente essa afirmação já distingue o Arrebatamento (a retirada da Igreja da terra para o céu) da Segunda Vinda (para resgatar Israel durante o Armagedom); pois este último acontecimento não vai surpreender quase ninguém. Contrastando com Seu aviso de que mesmo muitos na Igreja não O estarão esperando, as Escrituras anunciam outra vinda de Cristo quando todos os sinais já tiverem sido cumpridos e todos souberem que Ele está voltando. A um Israel descrente, Cristo declarou: “Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mt 24.33). Até o Anticristo saberá: “E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o Seu exército” (Ap 19.19).
Ou Cristo está se contradizendo (impossível!), ou Ele está falando de dois eventos. Jesus disse que virá num tempo de paz e prosperidade quando até Sua Noiva não estará esperando por Ele: “Ficai também vós apercebidos, porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Lc 12.40). Não somente as [virgens] néscias, mas até as sábias estarão dormindo: “E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram” (Mt 25.5).
No entanto, a Escritura diz que o Messias virá quando o mundo estiver quase destruído pela guerra, fome e os juízos de Deus, e quando Israel estiver quase derrotado. Então, Yahweh declara: “olharão para aquele a quem traspassaram” (Zc 12.10b), e todos os judeus vivos na terra reconhecerão seu Messias que retornará como “Deus forte, Pai da Eternidade” (Is 9.6): exatamente como os profetas previram, Ele veio como homem, morreu pelos seus pecados, e retornará, dessa vez para salvar Israel. Sobre esse momento culminante, Cristo declara: “Aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt 24.13). Paulo adiciona: “...todo o Israel [ainda vivo] será salvo”... (Rm 11.26).

Dois eventos distintos

Não podemos escapar ao fato de que duas vindas de Cristo ainda se darão no futuro: uma que surpreenderá até mesmo Sua Noiva e outra que não será uma surpresa para quase ninguém. As duas não podem ser o mesmo evento. Mas onde o Novo Testamento diz que ainda há duas vindas a serem cumpridas? Todo cristão crê em duas vindas de Cristo: Ele veio uma vez à terra, morreu pelos nossos pecados, ressuscitou dentre os mortos, retornou ao céu e voltará. Contudo, em nenhum lugar o Antigo Testamento diz que haveria duas vindas distintas.
Esse fato causou confusão para os rabinos, para os discípulos de Cristo e até para João Batista, que era “cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15, 41,44), João tinha testificado que Jesus era “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). No entanto, este último dos profetas do Velho Testamento, de quem não havia ninguém maior“nascido de mulher” (Lc 7.28), começou a duvidar: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?” (Mt 11.3).
Somente uma vinda do Messias era esperada. Ele iria resgatar Israel e estabelecer Seu Reino sobre o trono de Davi em Jerusalém. Por essa razão os rabinos, os soldados e a multidão zombaram dEle na cruz (Mt 27.40-44; Mc 15.18-20; 29-32; Lc 23.35-37). Apesar de todos os milagres que Jesus tinha feito, os discípulos, da mesma forma, tomaram Sua crucificação como a prova conclusiva de que Ele não poderia ter sido o Messias. Os dois na estrada de Emaús disseram: “...nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir Israel” (Lc 24.19-21) – mas agora Ele estava morto.
Cristo os repreendeu por não crerem “tudo o que os profetas disseram!” (Lc 24.25). Este era o problema comum: deixar de considerar todas as profecias. Israel tinha uma compreensão unilateral da vinda do Messias (e continua assim atualmente), que lhe permitia ver apenas Seu reino triunfante e o deixava cego para Seu sacrifício pelo pecado. Até mesmo muitos cristãos estão tão obcecados com pensamentos de “conquista” e “domínio” que imaginam ser responsabilidade da Igreja dominar o mundo e estabelecer o Reino de Deus, para que o Rei possa retornar à terra para reinar. Eles se esquecem da promessa que Ele fez à Sua Noiva de levá-la ao céu, de onde ela voltará com Ele para ajudá-lO a governar o mundo.

O Arrebatamento ocorrerá antes da Tribulação

Como poderia Cristo executar julgamento sobre a terra, vindo do céu “entre suas santas miríades (multidões de santos)” (Jd 14), se primeiro não as tivesse levado para o céu? Aqui temos outra razão para um Arrebatamento anterior à Tribulação. Incrivelmente, Michael Horton, em seu livro “Putting Amazing Back into Grace”, imagina que 1 Tessalonicenses 4.14 (“assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”) refere-se à Segunda Vinda de Cristo “com os santos”. Ao contrário, na ocasião do Arrebatamento Jesus trará a alma e o espírito dos cristãos fisicamente mortos para serem reunidos com seus corpos na ressurreição, levando-os para o céu juntamente com os vivos transformados. Na Segunda Vinda Ele trará consigo de volta à terra os santos vivos, que já foram ressuscitados e previamente levados ao céu no Arrebatamento.
Antes da volta de Cristo com os Seus santos haverá a celebração das Bodas do Cordeiro com Sua Noiva (Ap 19.7). Tendo passado pelo Tribunal de Cristo (1 Co 3.12-15); (2 Co 5.10 ), os santos estarão vestidos de linho fino, branco e puro (Ap 19.8). Certamente eles devem ser também o exército vestido de linho fino, branco e puro (Ap 19.14) que virá com Cristo para destruir o Anticristo. Quando eles foram levados ao céu? É claro que isso não ocorrerá durante a própria Segunda Vinda, pois não haveria tempo suficiente nem para o Tribunal de Cristo, nem para as Bodas do Cordeiro. O Arrebatamento deve ter ocorrido anteriormente.
Aqueles que estão com seus pés plantados na terra, esperando encontrar um “Cristo”, esquecem que o verdadeiro Cristo virá nos buscar para nos encontrarmos com Ele nos ares e nos levará para a casa de Seu Pai. Eles se esquecem também que o Anticristo estabelecerá um reino terreno antes que o verdadeiro Rei volte para reinar. Infelizmente, os que se empenham em estabelecer um reino nesta terra estão preparando o mundo para o reino fraudulento do “homem do pecado”.

A Escritura registra duas vindas

Como alguém nos tempos do Velho Testamento poderia saber que haveria duas vindas do Messias? Somente por implicação. Ou os profetas se contradisseram quando profetizaram que o Messias seria rejeitado e crucificado e que Ele também seria proclamado Rei sobre o trono de Davi para sempre, ou eles falavam de duas vindas de Cristo.
Não há forma de colocar dentro de um só evento o que os profetas disseram. Simplesmente tem de haver duas vindas do Messias: primeiro como o Cordeiro de Deus, para morrer pelos nossos pecados, e depois como o Leão da Tribo de Judá (Os 5.14-15; Ap 5.5), em poder e glória para resgatar Israel no meio da batalha do Armagedom.
A mesma coisa acontece no Novo Testamento. Note as muitas contradições, a menos que estes sejam dois eventos:
1) Ele vem para Seus santos e numa hora que ninguém espera; mas vem com Seus santos quando todos souberem que Ele está vindo.
2) Ele não vem à terra mas arrebata os santos para se encontrarem com Ele nos ares (1 Ts 4.17); por outro lado, Ele vem à terra: “naquele dia, estarão Seus pés sobre o monte das Oliveiras” (Zc.14.4), e os santos vem à terra com Ele.
3) Ele leva os santos para o céu, para as muitas mansões na casa de Seu Pai, para estarem com Ele (Jo.14.3); mas traz os santos do céu (Zc 14.5, Jd 14).
4) Ele vem para Sua Noiva num tempo de paz e prosperidade, bons negócios e prazeres (Lc 17.26-30); mas volta para salvar Seu povo Israel quando o mundo já terá sido praticamente destruído, em meio ao pior conflito já visto na terra, a batalha do Armagedom.

Rebatendo as críticas ao Arrebatamento

Cristo declarou: “Assim como foi nos dias de Noé ...comiam, bebiam, casavam-se... O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre... Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar” (Lc 17.26-30). Essas condições mundiais por ocasião do Arrebatamento só podem se referir ao período anterior à Tribulação; certamente não ao final dela!
Arrebatamento? Há críticos afirmando que a palavra “Arrebatamento” nem está na Bíblia! Isso não é verdade, pois a versão latina da Bíblia (Vulgata), feita por Jerônimo no quinto século, traduziu o grego harpazo (arrancar subitamente) pela palavra raptus (raptar), da qual deriva “Arrebatamento”. Foi o que Cristo nos prometeu em João 14: levar-nos para o céu.
Outros críticos papagueiam o mito propagado por Dave MacPherson, de que o ensino do Arrebatamento antes da Tribulação apareceu apenas no início do século XIX através de Darby, que o teria aprendido de Margaret MacDonald. Ela o teria recebido de Edward Irving, e este, por sua vez, o teria encontrado nos escritos do jesuíta Emmanuel Lacunza. Isso simplesmente não é verdade. Muitos escritores anteriores expressaram a mesma convicção. Um deles foi Ephraem de Nisibis (306-373 d.C.), bem conhecido na história da igreja da Síria. Ele afirmou: “Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da tribulação, que está por vir, e serão levados para o Senhor...” Seu sermão com essa afirmação teve ampla circulação popular em diferentes idiomas.
Sim,  uma vinda do Senhor após a Tribulação: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias... verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.29-30). A referência aos anjos “reunindo Seus escolhidos dos quatro ventos” (vv. 29-31) certamente não significa Cristo arrebatando Sua Igreja para levá-la ao céu, pois trata-se do ajuntamento do Israel disperso, de volta à sua terra quando da Segunda Vinda.
Cristo associou o mal com o pensamento de que Sua vinda se atrasaria: “Mas, se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu Senhor demora-se” (Mt 24.48; Lc 12.45).Novamente, essa afirmação não tem sentido se o Arrebatamento vem após a Tribulação.
Não existe motivo maior para uma vida santa e um evangelismo diligente do que saber que o Senhor poderia nos levar ao céu a qualquer momento. Que a Noiva acorde do seu sono, apaixone-se novamente pelo Noivo, e de coração diga continuamente por meio da sua vida diária: “Vem, Senhor Jesus!” (Dave Hunt - TBC - http://www.chamada.com.br)
Fonte: http://www.chamada.com.br/mensagens/distincao.html.

9 de janeiro de 2017

A Segurança da salvação- Myer Pearlman


Por Myer Pearlman
Temos estudado as preparações para a salvação e considerado a natureza desta. Nesta seção consideramos: É a Salvação final dos cristãos incondicional, ou poderá perder-se por causa do pecado?
A experiência prova a possibilidade duma queda temporária da graça, conhecida por "desviar-se". O termo não se encontra no Novo Testamento, senão no Antigo Testamento. Uma palavra hebraica significa "voltar atrás" ou "virar-se"; outra palavra significa "volver-se" ou ser "rebelde". Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta para trás e se recusa a ser conduzido, e torna-se insubmisso ao jugo. Israel afastou-se de Jeová e obstinadamente se recusou a tomar sobre si o jugo de seus mandamentos.
O Novo Testamento nos admoesta contra tal atitude, porém usa outros termos. O desviado é a pessoa que outrora tinha o zelo de Deus, mas agora se tomou fria (Mat. 24:12); outrora obedecia à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e frutificação (Mat. 13:22); outrora pôs a mão ao arado, mas olhou para trás (Luc. 9:62); como a esposa de Ló, que havia sido resgatada da cidade da destruição, mas seu coração voltou para ali (Luc. 17:32); outrora estava em contacto vital com Cristo, mas agora está fora de contacto, e está seco, estéril e inútil espiritualmente (João 15:6); outrora obedecia à voz da consciência, mas agora jogou para longe de si essa bússola que o guiava, e, como resultado, sua embarcação de fé destroçou-se nas rochas do pecado e do mundanismo (1 Tim. 1:19); outrora alegrava-se em chamar-se cristão, mas agora se envergonha de confessar a seu Senhor (2 Tim. 1:8 ;2:12); outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora voltou como a "porca lavada ao espoja-douro de lama" (2 Ped. 2:22; vide Luc. 11:21-26).
É possível decair da graça; mas a questão é saber se a pessoa que era salva e teve esse lapso, pode finalmente perder-se. Aqueles que seguem o sistema de doutrina calvinista respondem negativamente; aqueles que seguem o sistema arminiano (chamado assim em razão de Armínio, teólogo holandês, que trouxe a questão a debate) respondem afirmativamente.
1. Calvinismo.
A doutrina de João Calvino não foi criada por ele; foi ensinada por santo Agostinho, o grande teólogo do quarto século. Nem tampouco foi criada por Agostinho, que afirmava estar interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre graça.
A doutrina de Calvino é como segue: A salvação é inteiramente de Deus; o homem absolutamente nada tem a ver com sua salvação. Se ele, o homem, se arrepender, crer e for a Cristo, é inteiramente por causa do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se corrompeu tanto desde a queda, que, sem a ajuda de Deus, não pode nem se arrepender, nem crer, nem escolher corretamente. Esse foi o ponto de partida de Calvino — a completa servidão da vontade do homem ao mal. A salvação, por conseguinte, não pode ser outra coisa senão a execução dum decreto divino que fixa sua extensão e suas condições.
Naturalmente surge esta pergunta: Se a salvação é inteiramente obra de Deus, e o homem não tem nada a ver com ela, e está desamparado, amenos que o Espírito de Deus opere nele, então, por que Deus não salva a todos os homens, posto que todos estão perdidos e desamparados? A resposta de Calvino era: Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. "A predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um e de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição; mas a vida eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros." Ao agir dessa maneira Deus não é injusto, pois ele não é obrigado a salvar a ninguém; a responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão foi sua própria falta, e o homem sempre é responsável por seus pecados.
Posto que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo morreu unicamente pelos "eleitos"; a expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu se perdessem.
Dessa doutrina da predestinação segue-se o ensino de "uma vez salvo sempre salvo"; porque se Deus predestinou um homem para a salvação, e unicamente pode ser salvo e guardado pela graça de Deus, que é irresistível, então, nunca pode perder-se.
Os defensores da doutrina da "segurança eterna" apresentam as seguintes referências para sustentar sua posição: João 10:28,29: Rom. 11:29; Fil. 1:6; 1 Ped. 1:5; Rom. 8:35; João 17:6.
2. Arminianismo.
O ensino arminiano é como segue: A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos. (1 Tim. 2:4-6; Heb. 2:9; 2 Cor. 5:14; Tito 2:11,12.) Com essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.
As Escrituras certamente ensinam uma predestinação, mas não que Deus predestina alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina " a todos os que querem" a serem salvos — e esse plano é bastante amplo para incluir a todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade tem sido explicada da seguinte maneira: na parte de fora da porta da salvação lemos as palavras: "quem quiser pode vir"; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: "eleitos segundo a presciência de Deus". Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvos, e predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o fixou.
A doutrina da predestinação é mencionada, não com propósito especulativo, e, sim, com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério, ele sabia que o profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para encorajá-lo, o Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e o havia chamado antes de nascer (Jer. 1:5). Com efeito, o Senhor disse: "Já sei o que está adiante de ti, mas também sei que posso te dar graça suficiente para enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória." Quando o Novo Testamento descreve os cristãos como objetos da presciência de Deus, seu propósito é dar-nos certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades que surgirão à nossa frente, e que ele pode nos guardar e nos guardará de cair.
3. Uma comparação.
A salvação é condicional ou incondicional? Uma vez salva, a pessoa é salva eternamente? A resposta dependerá da maneira em que podemos responder às seguintes perguntas-chave: De quem depende a salvação? É irresistível a graça?
1) De quem depende, em última análise, a salvação: de Deus ou do homem? Certamente deve depender de Deus, porque, quem poderia ser salvo se a salvação dependesse da força da própria pessoa? Podemos estar seguros disto: Deus nos conduzirá à vitória, não importa quão débeis ou desatinados sejamos, uma vez que sinceramente desejamos fazer a sua vontade. Sua graça está sempre presente para nos admoestar, reprimir, animar e sustentar.
Contudo, não haverá um sentido em que a salvação dependa do homem? As Escrituras ensinam constantemente que o homem tem o poder de escolher livremente entre a vida e a morte, e Deus nunca violará esse poder.
2) Pode-se resistir à graça de Deus? Um dos princípios fundamentais do Calvinismo é que a graça de Deus e irresistível. Quando Deus decreta a salvação de uma pessoa, seu Espírito atrai, e essa atração não pode ser resistida. Portanto, um verdadeiro filho de Deus certamente perseverará até ao fim e será salvo; ainda que caia em pecado, Deus o castigará e pelejará com ele. Ilustrando a teoria calvinista diríamos: é como se alguém estivesse a bordo dum navio, e levasse um tombo; contudo está a bordo ainda; não caiu ao mar.
Mas o Novo Testamento ensina, sim, que é possível resistir à graça divina e resistir para a perdição eterna (João 6:40; Heb. 6:46; 10:26-30; 2 Ped. 2:21; Heb. 2:3; 2 Ped. 1:10), e que a perseverança é condicional dependendo de manter-se em contacto com Deus.
Note-se especialmente Heb. 6:4-6 e 10:26-29. Essas palavras foram dirigidas a cristãos; as epístolas de Paulo não foram dirigidas aos não-regenerados. Aqueles aos quais foram dirigidas são descritos como havendo sido uma vez iluminados, havendo provado o dom celestial, participantes do Espírito Santo, havendo provado a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro. Essas palavras certamente descrevem pessoas regeneradas.
Aqueles aos quais foram dirigidas essas palavras eram critãos hebreus, que, desanimados e perseguidos (10:32-39), estavam tentados a voltar ao Judaísmo. Antes de serem novamente recebidos na sinagoga, requeria-se deles que, publicamente, fizessem as seguintes declarações (10:29): que Jesus não era o Filho de Deus; que seu sangue havia sido derramado justamente como o dum malfeitor comum; e que seus milagres foram operados pelo poder do maligno. Tudo isso está implícito em Heb. 10:29. (Que tal repúdio da fé podia haver sido exigido, é ilustrado pelo caso dum cristão hebreu na Alemanha, que desejava voltar à sinagoga, mas foi recusado porque desejava conservar algumas verdades do Novo Testamento.) 
Antes de sua conversão havia pertencido à nação que crucificou a Cristo; voltar à sinagoga seria de novo crucificar o Filho de Deus e expô-lo ao vitupério; seria o terrível pecado da apostasia (Heb. 6:6); seria como o pecado imperdoável para o qual não há remissão, porque a pessoa que está endurecida a ponto de cometê-lo não pode ser "renovada para arrependimento"; seria digna dum castigo mais terrível do que a morte (10:28); e significaria incorrer na vingança do Deus vivo (10:30, 31).
Não se declara que alguém houvesse ido até esse ponto; de fato , o autor está persuadido de "coisas melhores" (6:9). Contudo, se o terrível pecado da apostasia da parte de pessoas salvas não fosse ao menos remotamente possível, todas essas admoestações careceriam de qualquer fundamento.
Leia-se 1 Cor. 10:1-12. Os coríntios se haviam jactado de sua liberdade cristã e da possessão dos dons espirituais. Entretanto, muitos estavam vivendo num nível muito pobre de espiritualidade. Evidentemente eles estavam confiando em sua "posição" e privilégios no Evangelho. Mas Paulo os adverte de que os privilégios podem perder-se pelo pecado, e cita os exemplos dos israelitas. 
Estes foram libertados duma maneira sobrenatural da terra do Egito, por intermédio de Moisés, e, como resultado, o aceitaram como seu chefe durante a jornada para a Terra da Promissão. A passagem pelo Mar Vermelho foi um sinal de sua dedicação à direção de Moisés. Cobrindo-os estava a nuvem, o símbolo sobrenatural da presença de Deus que os guiava. Depois de salvá-los do Egito, Deus os sustentou, dando-lhes, de maneira sobrenatural, o que comer e beber. Tudo isso significava que os israelitas estavam em graça, isto é: no favor e na comunhão com Deus.
Mas "uma vez em graça sempre em graça" não foi verdade no caso dos israelitas, pois a rota de sua jornada ficou assinalada com as sepulturas dos que foram destruídos em conseqüência de suas murmurações, rebelião e idolatria. O pecado interrompeu sua comunhão com Deus, e, como resultado, caíram da graça. Paulo declara que esses eventos foram registrados na Bíblia para advertir os cristãos quanto à possibilidade de perder os mais sublimes privilégios por meio do pecado deliberado.
4. Equilíbrio escriturístico.
As respectivas posições fundamentais, tanto do Calvinismo como do Arminianismo, são ensinadas nas Escrituras. O Calvinismo exalta a graça de Deus como a única fonte de salvação — e assim o faz a Bíblia; o Arminianismo acentua a livre vontade e responsabilidade do homem — e assim o faz a Bíblia. A solução prática consiste em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista, e em evitar colocar uma idéia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas bíblicas são colocadas em posição antagônica, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. 
Por exemplo: a ênfase demasiada à soberania e à graça de Deus na salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que conduta e atitude nada têm a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como reação contra o Calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são: a ilegalidade e o legalismo.
Quando Carlos Finney ministrava em uma comunidade onde a graça de Deus havia recebido excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade do homem. Quando dirigia trabalhos em localidades onde a responsabilidade humana e as obras haviam sido fortemente defendidas, ele acentuava a graça de Deus. Quando deixamos os mistérios da predestinação e nos damos à obra prática de salvar as almas, não temos dificuldades com o assunto. João Wesley era arminiano e George Whitefield calvinista. Entretanto, ambos conduziram milhares de almas a Cristo.
Pregadores piedosos calvinistas, do tipo de Carlos Spurgeon e Carlos Finney, têm pregado a perseverança dos santos de tal modo a evitar a negligência. Eles tiveram muito cuidado de ensinar que o verdadeiro filho de Deus certamente perseveraria até ao fim, mas acentuaram que se não perseverassem, poriam em dúvida o fato do seu novo nascimento. Se a pessoa não procurasse andar na santidade, dizia Calvino, bem faria em duvidar de sua eleição.
É inevitável defrontarmo-nos com mistérios quando nos propomos tratar as poderosas verdades da presciência de Deus e a livre vontade do homem; mas se guardamos as exortações práticas das Escrituras, e nos dedicamos a cumprir os deveres específicos que se nos ordenam, não erraremos. "As coisas encobertas são para o Senhor Deus, porém as reveladas são para nós" (Deut. 29:29).
Para concluir, podemos sugerir que não é prudente insistir falando indevidamente dos perigos da vida cristã. Maior ênfase deve ser dada aos meios de segurança — o poder de Cristo como Salvador; a fidelidade do Espírito Santo que habita em nós, a certeza das divinas promessas, e a eficácia infalível da oração. O Novo Testamento ensina uma verdadeira "segurança eterna", assegurando-nos que, a despeito da debilidade, das imperfeições, obstáculos ou dificuldades exteriores, o cristão pode estar seguro e ser vencedor em Cristo. 
Ele pode dizer com o apóstolo Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rom. 8:35-39).
Texto retirado do livro: Conhecendo as Doutrinas da Bíblia- Myer Pearlman 

7 de janeiro de 2017

Estudo sobre o capítulo 19 de Isaías: Profecia contra o Egito.



Por Everton Edvaldo

Leitura Bíblica: (Isaías 19.1-25)

Introdução: O livro de Isaías é sem dúvida bastante emblemático e conhecido pelo povo de Deus. Sua natureza profética nos encanta e nos alegra, entretanto, não devemos ignorar as diversas mensagens de advertência e de juízo que viriam sobre vários povos. Há cerca de 700 a.C; Deus, através de Isaías, revelou o juízo que estava reservado para ser derramado sobre nações, cidades, tribos e reis. Do capítulo 1 ao 24, o livro de Isaías está repleto de profecias em que Deus diz que está contra Judá, Jerusalém, as filhas de Sião, o reino de Israel, os perversos, a Assíria, a Babilônia, os Filisteus, Moabe, Damasco, Efraim, Etiópia, Egito, Dumá, Arábia, Tiro e os transgressores. Hoje estudarenos o capítulo 19 do livro profético de Isaías, veremos o contexto histórico em que a passagem se encontra, a profecia em si (que trata do juízo sobre o Egito e de sua restauração). Por  fim vamos extrair algumas lições importantes que podem ser aplicadas em nossas vidas. Boa leitura!

O CONTEXTO HISTÓRICO DA PASSAGEM.

No início do capítulo 19, Isaías profetiza contra a nação egípcia. Porém, antes de entrarmos na profecia propriamente dita, precisamos entender o contexto que ela se encaixa.

Na época em que Isaías recebeu essa revelação, o Egito era conhecido entre os povos como "refúgio das nações." Ele exercia uma grande influência na economia e no exército dos povos. Era no Egito que haviam cavalos viçosos, fortes e bem treinados, capazes de fortalecer qualquer exército em que fossem colocados. Muitos governantes estrangeiros, importavam a cavalaria egípcia e assim garantiam a segurança das suas cidades e a estabilidade dos seus exércitos. Os egípcios também possuíam um forte armamento de guerra, o que atraía ainda mais a atenção de outros povos. Nessa época, também era comum as nações mais fracas buscarem refúgio no Egito, pedindo ajuda e fazendo aliança com eles. 

Vejamos o que diz Isaías 31.1-3:

"Aí dos que descem ao Egito em busca de socorro e se estribam em cavalos; que confiam em carros, porque são muitos, e em cavaleiros, porque são muito fortes, mas não atentaram para o Santo de Israel, nem buscam ao SENHOR! Todavia, este é sábio, e faz vir o mal, e não retira as suas palavras; ele se levantará contra a casa dos malfeitores e contra a ajuda dos que praticam a iniquidade. Pois os egípcios são homens e não deuses; os seus cavalos, carne e não espírito. Quando o SENHOR estender a mão, cairão por terra tanto o auxiliador como o ajudado, e ambos juntamente serão consumidos."

Outro fato interessante é que o Egito estava sempre de portas abertas para amparar aqueles que tinham suas cidades saqueadas ou estavam debaixo do jugo de alguma outra nação. É caso de Judá. Por ser considerado grande, o Egito acabou se tornando para os líderes de Judá, uma nação que poderia lhes dar assistência contra a ameaça da Assíria. Nesta época, a Assíria era a principal rival do Egito e estava no auge do seu poderio de conquistas. 

Ou seja, ao invés de buscarem ao SENHOR e se refugiarem nele, os judeus colocaram sua confiança no Egito e acabam corrompendo-se com seus ídolos. É por isso que Deus promete abater toda a glória egípcia afim de cumprir seus propósitos e fazer uma grande obra no meio dos três povos: Egito, Assíria e Israel. 

Enquanto isso não acontecia, o Egito se orgulhava de seu status entre os povos. Eles gozava de uma farta prosperidade. Para eles,  estava tudo bem.

I PARTE DA PROFECIA: 3 ABALOS DE DEUS SOBRE A NAÇÃO 

1. O abalo na religião.

Primeiramente, Deus anuncia sua sentença contra o Egito, revelando que viria a esse lugar cavalgando numa nuvem ligeira, denotando assim a velocidade com que o juízo divino seria derramado sobre eles, frustrando toda sua prosperidade. (v.1). O próprio Deus entraria em cena! 

No versículo 2, vemos que seus ídolos estremeceriam na presença de Deus. Sim, Deus viria sobre as nuvens simbolizando sua majestade acima de tudo e de todos. Deus tocaria na raiz da religião egípcia atingindo dessa forma o coração dos egípcios. Eles eram tão apegados aos seus ídolos que repousavam inteiramente sua confiança neles. Ao ter seus ídolos humilhados,  a esperança deles seria conturbada e a fraqueza dos seus deuses exposta.

É interessante observar que a religião pagã aparentemente fornecia uma certa segurança para eles. Vemos também que após o abalo na religião egípcia, haveria uma guerra interna dentro da nação. Deus colocaria egípcio contra egípcio, cidade contra cidade e reino contra reino tirando deles o sôssego que possuíam. Eles até recorreriam aos seus ídolos, encantadores, necromantes e feiticeiros, porém seria tudo em vão  (v. 3). O primeiro colapso seria interno deixando o cenário propício para outra nação lhe conquistar (v. 4). Sim, Deus promete entregar os egípcios nas mãos de um senhor duro, e revela que um rei feroz os dominaria, se referindo a ESAR- HADOM, um poderoso imperador Assírio que conquistou o Egito em 671 a.C.

2. O abalo na economia.

Deus também mexeria com a economia egípcia secando as águas do rio Nilo, um dos maiores do planeta. O Nilo era a fonte de sustento egípcio, graças às suas inundações anuais que deixavam a terra produtiva e fértil para o plantio.

Ao atingir o Nilo, Deus estava abalando as três principais indústrias daquele povo: a agricultura, a pesca e têxteis.

Com os baixos níveis de água do Nilo, os canais não seriam reabastecidos, destruindo por completo a esperança deles. Na época de Isaías, era de se esperar que qualquer outro povo sofresse com uma seca dessa intensidade, menos o Egito. Deus faria algo inédito naquele lugar. 

Sem água não haveria plantação, sem plantação não há colheita, nem comida nem dinheiro. Sem plantação, os animais não se alimentam, ficam desnutridos, não procriam e como consequência não são comprados, prejudicando assim o comércio e as negociações. Sem água, não há peixe, sem peixe, os pescadores não trabalham e ficam sem renda e sustento. É por isso que Deus diz que os pescadores gemerão (v. 8). Com a seca do Nilo, o transporte fluvial não faria mais parte dos projetos de Faraó, visto que naquela época, grandes embarcações transportavam pelo Nilo, mercadorias e até mesmo blocos pesados de pedras , utilizados nas construções. 

Os tecelões que trabalhavam no linho fino e no pano de algodão ficariam envergonhados. Os jornaleiros (trabalhadores) andariam de alma entristecida.

3. O abalo na ciência.

Deus também diz que são néscios os príncipes de Zoã; e os sábios conselheiros de Faraó, na verdade, davam conselhos estúpidos. Zoã ou Tânis era a capital do Egito naquela época, uma das cidades mais importantes da região nordeste do delta do Nilo. 

Tais sábios (que tinham fama internacional), não seriam capazes de evitar o desastre que o SENHOR tinha determinado contra sua nação. São loucos os príncipes de Zoã e de Mênfis ou Nofe (uma cidade no Baixo Egito e antiga capital do país.)

Seriam tantas calamidades nacionais que esses sábios ficariam loucos, incapazes de dar explicações racionais e de oferecer alguma solução. Eles são comparados pelo profeta com bêbados quando cambaleiam em seu vômito (v. 14).

O cumprimento da primeira parte.

A profecia referente a uma guerra civil presente dos versículos 4 ao 16, provavelmente, foi cumprida em 670 a.C., quando o Egito foi conquistado por Esar-Hadom, rei da Assíria (a principal rival do Egito) e sucessor de Senaqueribe, seu pai (2 Rs 19.37; Is 37. 38). Nesta época, o Egito era governado por Taharka (Tiraca) [01], um faraó da XXV dinastia.

Quem era Esar-Hadom?

Segundo R. N. Champlin: 

"No Acádio, 'Assur deu um irmão.' Foi um poderoso imperador assírio, filho mais jovem de Senaqueribe e seu sucessor. Governou o império assírio de 680 a  669 a.C. (...). Nas páginas do Antigo Testamento, Esar-Hadom é mencionado por três vezes: II Reis 19.37; Esd. 4.2 e Is 37.38." (CHAMPLIN, v.2, p. 432).

A conquista do Egito.

Entre 675-674 a. C, Esar-Hadom (também chamado de Assaradão) voltou sua atenção para o Egito contra o qual enviou duas expedições militares, iniciando a conquista daquele país, chegando a conquistar a cidade de Mênfis em 671 a.C; vencendo o exército egípcio que estava sob o governo do Faraó etíope Tiraca (2 Reis 19.9). Tiraca há muitos anos, vinha incentivando rebeliões na palestina e várias cidades deixaram de seguir a Assíria para se aliarem ao Egito.

Em suas inscrições, Esar-Hadom costumava se  vangloriava das suas conquistas:

"Sou poderoso, sou todo poderoso. Sou herói, sou gigantesco, sou colossal." (Citado por CHAMPLIN, v. 2; p. 432).

Hadom também chegou a se intitular como "Rei dos reis do Egito."

Comentando sobre esse acontecimento, Champlin diz:

"Conquistar o Egito foi um empreendimento fácil para ele. A fim de melhor provar a sua grandeza, entre outras façanhas, ele se tornou eficiente matador em massa: 'Diariamente, sem cessar, matei multidões de seus (de Tiraca) homens. A ele feri por cinco vezes, com a ponta da minha lança, com ferimentos sem recuperação. Mênfis, a sua cidade real, em meio dia, mediante solapagens, túneis, assaltos, eu cerquei, eu capturei, eu destrui, eu derrotei, eu incendiei.'" (CHAMPLIN, v. 2, p. 432).

Ele instalou seu governo em Mênfis obtendo o controle do delta do Nilo. Colocou governantes assírios e organizou o Egito em distritos. Esar- Hadom volta para a Assíria afim de resolver os problemas de Nínive. Entretanto, dentro de dois anos, Tiraca, Faraó do Egito que havia se refugiado em Núbia, promove um contra-ataque no Egito. Esar-Hadom apressou-se em voltar ao Egito para abafar a revolta, mas adoece no caminho e morreu em Harã, vítima de uma doença crônica.

II- PARTE DA PROFECIA: A RESTAURAÇÃO DO EGITO.

A segunda parte da profecia do capítulo 19 de Isaías, engloba os versículos 17 ao 25. Nela, Deus promete a restauração espiritual do Egito, cumprindo dessas forma seus propósitos para esta nação.

Neste tempo prometido por Deus, haverá 5 cidades que falarão a língua de Canaã e farão juramento ao SENHOR. Uma delas se chamará "Cidade do Sol."

Naquele dia, haverá um altar no meio da terra do Egito, indicando que os egípcios adorarão ao SENHOR!  Haverá adoração, livramento, conversão e cura.

Por fim, Deus abençoará o Egito e o chamará  de meu povo, juntamente com a Assíria, obra de suas mãos, e Israel, sua herança.

O cumprimento da profecia.

Essa profecia encontrou o seu primeiro cumprimento quando alguns habitantes do Egito perceberam que o SENHOR (que se utilizou da Assíria como instrumento de julgamento) era maior que seus deuses. Tais egípcios abandonaram seus caminhos ímpios e perversos.

Também quando os israelitas estavam exilados no Egito e alguns habitantes aprenderam sobre Deus com os judeus que viviam em suas terras. Por causa desse acontecimento, muitos egípcios conheceram a Deus e passaram a servi-lo. 

No momento,  ela está se cumprindo gradualmente, na medida em que milhares de egípcios estão se convertendo ao Deus vivo todos os anos. Entretanto, devemos reconhecer que essa profecia terá seu cumprimento pleno no fim dos tempos, quando todas as nações serão abençoadas durante o reinado milenar do Messias.

Deus certamente fará uma grande obra pois dará paz e harmonia a nações que há séculos são inimigas.

Conclusão: Certamente, aprendemos muito com essa passagem bíblica. Deus abateu a glória do Egito com o  objetivo de fazer uma grande obra no meio desse povo. O SENHOR é aquele que fere mas cura. Muitas vezes passamos por situações adversas onde Deus permite que percamos as coisas em que colocamos a nossa confiança. Com essa passagem, aprendemos que só devemos confiar em Deus. Nada nem ninguém deve ocupar o lugar de Dele em nossas vidas. É Nele que encontramos o verdadeiro refúgio e esperança. Ao permitir que passemos por situações adversas, não pensemos que Ele quer ver a nossa derrota, mas a nossa restauração. Que possamos buscar a Deus todos os dias e abandonar as coisas que nos afastam de sua presença. Amém! 

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NOTA:

[01]- "Taharka foi um faraó da XXV dinastia egípcia que reinou entre 690 a.C. e 664 a.C.. De origem núbia ou cuchita, sucedeu ao seu irmão Chabataka. É mencionado em Isaías como Tiraca, rei da Etiópia. Ele foi o terceiro faraó etíope, e sua mãe era negra. Coroado em Mênfis, cidade que também funcionaria como a sua sede de governo, o seu reinado é o mais esplêndido de todos os reinados cuchitas no Egipto. Após um período de secas, no ano 6 do seu reinado o Egipto conheceu uma cheia que gerou grandes colheitas agrícolas, muito celebrada na época em inscrições realizadas em Coptos, Tânis e Kaua. Nestas inscrições pode ler-se como o evento das cheias foi interpretado como uma intervenção divina de Amon-Ré, que o teria escolhido como rei. Apoiou rebeliões na região da Palestina com o objectivo de debilitar o poder dos Assírios, que tinham penetrado na região. Ele se aliou a Luli, rei de Tiro, e a Ezequias, rei de Judá. Em 673 a.C. Taharka e os seus aliados alcançam ali uma vitória, que se traduz na expulsão dos Assírios. Em 671 a.C., o rei assírio Assaradão invade o Egipto dividindo-o entre cerca de vinte príncipes, o chefe dos quais era o meio-líbio Necho de Sais. Alguns príncipes do Baixo Egipto aproveitam o acontecimento para se revoltar, outros continuaram a apoiar Taharka, que conseguiria reconquistar brevemente o Baixo Egipto em 669. Assaradão enviou uma força para lutar contra Taharka, mas morreu no caminho. Alguns anos mais tarde, ele foi derrotado, em Mênfis, por Assurbanípal. Necho de Sais, que havia conspirado com Taharka, foi perdoado, e se tornou o governador do Egito, reduzido a uma província assíria. Taharka parte então para Napata, onde morre em 663 a.C.. Seu sucessor na Etiópia foi Tanutamon, que pretendeu recuperar o Egito. Ordenou um vasto programa de construções na Núbia, em Napata, Guebel Barkal, Meroé, Semna, entre outros locais. No templo de Amon em Karnak destaca-se uma alta colunata mandada por si edificar. Perto do templo de Amon, Taharka patrocinou a construção de várias capelas para Osíris, dedicadas ao deus pelo rei e pela adoradora divina de Amon, Chepenuepet II.Foi sepultado num túmulo que apresenta uma forma piramidal, situado em Nuri, a norte de Napata, onde foram encontradas mais de 10 000 estatuetas funerárias." (https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Taharka.).

Bibliografia:

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Hagnos: 1991.

Site consultado: 

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Taharka. Acessado dia 07/01/2017.