27 de outubro de 2016

A IMPORTÂNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


por Everton Edvaldo


Texto Bíblico: "Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo." (Mateus 3.11)

Introdução: O batismo no Espírito Santo é um dos assuntos mais discutidos dentro da cristandade atual. Desde o advento do Movimento Pentecostal, esta doutrina tem sido ensinada com bastante ênfase pelos pentecostais. Porém, podemos notar que muitas igrejas, ditas pentecostais, já não estão no mesmo ritmo em que começaram. Alguns crentes não têm o entendimento correto sobre o que é o batismo e por que devemos buscá-lo. Com isso, ele acaba sendo confundido com outras coisas ou distorcido. Neste artigo, pretendo abordar a importância do batismo no Espírito Santo para os nossos dias, dentro de uma perspectiva bíblica e pentecostal. Boa leitura!

I- O QUE É O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO.

A expressão "batismo no Espírito Santo" é frequentemente usada nas igrejas pentecostais. Porém, o que é o batismo no Espírito Santo?

É uma doutrina bíblica. Antes de tudo, é preciso dizer que é uma doutrina bíblica. A alusão a esse batismo, pode ser constatada nas Escrituras tanto direta quanto indiretamente. Por exemplo, discorrendo acerca de Jesus aos judeus, João Batista declarou: "...ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo." (Mt 3.11; cf. Mc 1.8; Lc 3.16). O próprio Jesus disse em Atos 1.5: "Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias." Vale salientar que "a preposição 'com' é a partícula grega ‘en’, que pode ser traduzida como ‘em’ ou ‘com’. Por isso, muitos preferem a tradução 'sereis batizados no Espírito Santo." (STAMPS, p. 1626). A expressão ainda aparece em Atos 11.16 por intermédio do apóstolo Pedro.

Existem várias outras expressões na Bíblia que se referem a essa experiência incomparável com o Espírito Santo, porém, "batismo no Espírito Santo" é a mais comum dentro do Pentecostalismo.

O batismo no Espírito Santo é um presente de Deus para os salvos, capacitando-os para fazer sua obra e revestindo-os de poder espiritual. Segundo o pastor e teólogo Antonio Gilberto: "O batismo com o Espírito Santo é um revestimento de poder, com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1 Co 14.15,26). (GILBERTO, p. 29).

Diferente do que muitos pensam, o batismo no Espírito Santo não é a mesma coisa que conversão. Conforme pontua a Bíblia de Estudo Pentecostal: "O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. [...] Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito (cf. At 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecostes. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do Pentecostes (e.g. Lc 1.15, 67), Lucas não emprega a expressão 'batizados no Espírito Santo'. Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo (At 1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14)." (STAMPS, p. 1627).

É bem verdade que no momento da conversão, o Espírito Santo vem habitar dentro do crente, porém o batismo é uma experiência distinta do novo nascimento. O livro de Atos dos Apóstolos confirma este entendimento. Quando foram batizados no Espírito Santo, os discípulos que ali estavam reunidos, já eram salvos (cf Atos 2.1-18). Os pentecostais acreditam que esse batismo ocorre geralmente após a regeneração e sempre acompanhado pela evidência inicial do falar em outras línguas. Essa é a posição pentecostal tradicional de teólogos como José Gonçalves, Gunnar Vingren, Samuel Nyström, Nemuel Kessler, Gilberto Malafaia, Raimundo de Oliveira, Antonio Gilberto, Elienai Cabral, Eurico Bergstén, Stanley Horton, entre outros.

O batismo é um mergulho glorioso! O teólogo Eurico Bergstén afirma que: "Ser batizado com o Espírito Santo significa ser imerso na plenitude do Espírito." (BEGSTÉN, p.16). O pastor Elienai Cabral também compartilha desse entendimento: "Ser batizado no Espírito é uma experiência distinta que equivale a ser mergulhado na fonte do Espírito." (MESQUITA, v. 3, p. 35-36).

II- PODER DO ALTO PARA FAZER A OBRA DE DEUS.

De acordo John W. Wyckoff: "Os pentecostais acreditam firmemente que o propósito primário do batismo no Espírito Santo é o poder para o serviço." (HORTON, p. 457). A História do Cristianismo está repleta de relatos de homens e mulheres que eram comprometidos em fazer a obra de Deus. Fazer a obra de Deus exige esforço, tempo e dedicação daquele que se dispõe a fazê-la, porém, aquele que se dispõe a fazê-la, necessita de poder do alto para desenvolvê-la. Em João 15.5, Jesus revela que sem ele nada podemos fazer. Que fique claro que Ele é o principal arquiteto desta obra. Aleluia!

O Pastor José Wellington Bezerra da Costa nos informa que "... quando um repórter perguntou a Daniel Berg quando esteve no Brasil pela última vez, antes de passar para o Senhor, qual o segredo do crescimento das Assembleias de Deus no Brasil, ele simplesmente respondeu: "É o Espírito Santo. É o Espírito Santo que batiza crentes e eles saem pregando o Evangelho e ganhando almas para Jesus. É esse o segredo." (MESQUITA, v. 3, p. 219). Ou seja, o batismo é uma capacitação divina para trabalharmos para Jesus.

Segundo Eurico Bergstén: "O grande objetivo do batismo com o Espírito Santo é suprir os crentes de poder do alto para serem testemunhas do Senhor." (BEGSTÉN, p. 41). Os discípulos foram revestidos de poder para pregar o evangelho com mais ousadia e autoridade.

Essa foi uma promessa feita pelo próprio Senhor Jesus: "Eis que envio sobre vós, a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder." (Lucas 24.49).

Conforme escreveu Elienai Cabral: "...O Espírito reveste o crente com poder para que este faça a vontade de Deus; para fazer a sua obra. Que podemos fazer sem o "poder do Espírito"? Nada! Precisamos do poder de encorajamento, de renúncia, de amor, para fazermos a obra de Deus. Os discípulos de Jesus, enquanto não foram revestidos do poder, estavam medrosos, assustados, com medo de morrer e acovardados. (...) Este poder capacita o crente a fazer bem a obra de Deus. Dá-lhe condições de vencer os obstáculos morais, físicos, materiais e espirituais." (MESQUITA, v.3, p. 35-36).

É necessário deixar claro que a extensão desta promessa não se limitou apenas aos discípulos, mas a todos os salvos. Foi exatamente isso que ensinou o apóstolo Pedro em seu sermão no dia do Pentecostes: "Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar." (Atos 2.39).

Nesse ponto contribui Francisco Pereira do Nascimento: "A promessa do batismo no Espírito Santo, não é uma promessa limitada, como o Inimigo tem espalhado, porém é uma promessa que se estende de geração em geração sobre aqueles que aceitam Jesus como único e suficiente Salvador." (MESQUITA, v. 2, p. 27).

III - MANIFESTAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS.

Sim, o batismo no Espírito Santo promulga a manifestação da multiforme sabedoria de Deus no meio da sua igreja. Segundo o pastor Antonio Gilberto: "O batismo com o Espírito Santo abre caminho para a manifestação dos dons espirituais, segundo a vontade e propósitos do Senhor." (GILBERTO, p. 7).

Deus capacita seus servos com dons para atender todas as necessidades eclesiásticas. De acordo com Carl Henry: "Negligenciar a doutrina da obra do Espírito... cria uma igreja confusa e incapacitada." (HORTON, p. 462).

Uma igreja onde não existe a atuação do Espírito Santo é uma igreja morta. Lamentavelmente, a Igreja tem vivido dias difíceis, onde muitos cristãos têm desprezado os dons espirituais. Uma geração incrédula pode ser percebida não só nas igrejas como também nas redes sociais. Todos os dias, os opositores do Pentecostalismo ridicularizam, zombam e desrespeitam as manifestações carismáticas.

Entretanto, não devemos desanimar! Não é do desejo de Deus que a chama pentecostal se apague. Através dos dons espirituais, o Nome Dele tem sido engrandecido e glorificado em nosso meio. Diariamente, muitas pessoas têm sido abençoadas com curas, libertações, batismo, salvação, sabedoria, etc. Por que essas coisas têm acontecido? Porque Deus não mudou! Ele operou no passado e também opera no presente. A maneira como Deus age no meio do seu povo é contagiante! Ele pode fazer coisas gloriosas através dos seus instrumentos!

Se as nossas igrejas deixarem de se interessar pelas bênçãos do Espírito Santo, o mundanismo irá prevalecer sobre nós.

Sendo a Igreja um corpo, é de se esperar que nela haja vida e dinamismo. O batismo no Espírito Santo concede essa bênção! John W. Wyckoff pontua uma coisa interessante acerca das pessoas batizadas:

"As pessoas batizadas no Espírito Santo e revestidas pelo seu poder afetam o restante do corpo de crentes. Menzies afirma que 'o batismo no Espírito Santo fica sendo a entrada para um modo de adoração que abençoa os santos de Deus reunidos. Esse batismo é a entrada para numerosos ministérios no Espírito, chamados dons do Espírito, inclusive muitos ministérios espirituais." (HORTON, p. 458).

IV- FORÇA PARA RESISTIR AOS ATAQUES DO MALIGNO.

Diariamente, a Igreja é bombardeada com investidas malignas. O diabo trabalha para esfriar as igrejas, apagar o fogo do Espírito, destruir famílias, proclamar pregações antropocêntricas e desviar os fiéis. Diante disso, precisamos estar revestidos pelo Espírito Santo a fim de sairmos vitoriosos!

Segundo Eurico Begstén: " A necessidade de poder divino continua a mesma, pois o poder do Maligno não mudou, nem ficou mais brando. Pelo contrário, a Bíblia diz que nos últimos dias o inimigo '...tem grande ira, sabendo que já lhe resta pouco tempo' (Ap 12.12b). Nos tempos do fim, as doutrinas dos demônios teriam mais adeptos (1 Tm 4.1).

Os discípulos na Igreja Primitiva resistiram e venceram as forças do mal com o poder recebido através do batismo com o Espírito Santo, e dos dons espirituais que o acompanhavam (At 8.9-12; 13.8-12; 16.17-18; 19.13-17). Os salvos têm hoje a mesma necessidade de poder." (BEGSTÉN, p. 21).

Deus quer nos dar poder para repreender as tempestades espirituais! Deus quer nos dar poder para expulsar os demônios! Ele também quer nos dar poder para colocar as mãos sobre os enfermos e eles serem curados!

Conclusão: Embora muitos tentem distorcer a doutrina do batismo no Espírito Santo, a Bíblia é bem clara quanto ao assunto, isto é, Jesus quer batizar todos os salvos no Espírito Santo, porém essa bênção precisa ser buscada. O Senhor está com as mãos estendidas, assim como no dia de Pentecostes. É Ele quem batiza o crente. Que possamos buscar essa dádiva com sinceridade e de todo coração, em nome de Jesus. Amém!

BIBLIOGRAFIA:

BEGSTÉN, Eurico. Lições Bíblicas- A pessoa e a Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
GILBERTO, Antonio. Lições Bíblicas- As Doutrinas Bíblicas Pentecostais. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. 9. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
MESQUITA, Antônio. Mensageiro da Paz- Os artigos que marcaram a história e a teologia do movimento Pentecostal no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

26 de outubro de 2016

A Assembleia de Deus em Pernambuco proibiu seus membros de ler livros Reformados?



Por Everton Edvaldo

Não é de hoje que a Assembleia de Deus (IEADPE) tem sido alvo de ataques pelas redes sociais. Dessa vez, a informação é de que a Igreja proibiu seus membros de ler e comprar livros reformados. A crítica foi feita por Cristielson A. Santos e foi publicada na página “Evangelho Puro&Simples”, o que gerou vários compartilhamentos e comentários sobre o assunto. Antes de analisar a crítica gostaria de disponibilizar o texto original logo abaixo:

“Como não tenho rabo preso com denominação alguma, tenho liberdade de expressar o que penso. É lastimável e deplorável a posição que a ‘empreja’ pentecostal Assembleia de ‘Deus’ Pernambuco está tendo com os membros de algumas cidades, estão com tanto medo que seus membros conheçam o Calvinismo, que estão proibindo os irmãos de comprar e estudar qualquer livro que seja de linha reformada. É o cabresto da religião que quer limitar o conhecimento do povo de Deus, é a maldita religião cega pelo sistema dos ‘coronéis’ que usam o poder para fazer do povo massa de manobra, o que a Assembléia tem é medo de perder membros, medo da receita cair, medo de que o povo mude. Por isso incentivo aos irmãos, não se intimidarem com pressões psicológicas infundadas em achismos religiosos, sejam livres em Cristo, estudem, leiam, comprem livros, estudem a Bíblia, o conhecimento os libertará do engano religioso.”  (Cristielson A. Santos, dia 09/10/16, às 23.10).
O texto causou revolta em muitos leitores que passaram a xingar e a criticar a IEADPE com as palavras mais rígidas possíveis. Primeiramente, vamos analisar a veracidade dessa informação. Não podemos criticar algo sem fundamento ou compartilhar determinada publicação só porque está na internet. Nem toda informação que circula na internet é verdadeira. 

Cristielson não revela de onde tirou a informação de que a IEADPE tem proibido seus membros de comprar e estudar livros de linha reformada. Existe algum documento, pronunciamento, pregação, vídeo ou algo que possa provar o que ele disse? Se sim, então sua crítica é digna de crédito. Se não, (como esse é o caso), então a informação não pode ser tida como verdadeira. Tanto o Cristielson quanto a página “Evangelho Puro&Simples”, não descrevem como ficaram sabendo disso. 

Porém, observando os comentários na página “Evangelho Puro&Simples” notei algo interessante. Uma internauta comentou nessa postagem o seguinte:

O engraçado é que essa proibição não existe. Os membros são livres para lerem o que quiserem. Se não lêem é porque não querem, ou falta de interesse. Não há um cabresto sobre nós, meu irmão. O que há é uma doutrina forte e pessoas convictas do que crêem nas Sagradas Escrituras. Fique na paz do Senhor Jesus.”

Então a página responde à ela com a frase:

“Só se não existe na sua denominação, porque pelo menos 3 membros da ADPE já vieram conversar comigo.”

Seriam essa três pessoas, as responsáveis por essa informação? Também não sabemos.  O que quero especificar é que não é uma atitude inteligente veicular uma informação dessas, baseando-se  no que disseram três membros da Igreja. A IEADPE tem milhares de membros e congregados, e não são duas ou três pessoas que vão falar pela denominação inteira. Jogar algo na internet por que fulano ou ciclano disse, qualquer um faz, difícil é provar o que se afirma. Mas, vamos dar continuidade à nossa análise. 

Baseado nessa suposta informação, o Cristielson, diz que “É lastimável e deplorável a posição que a ‘empreja’ pentecostal Assembleia de ‘Deus’ Pernambuco está tendo com os membros de algumas cidades.”  Podemos perceber que a crítica já começa com um tom depreciativo em cima da IEADPE. Primeiro ela é caracterizada como “empreja” e depois a palavra “Deus” é colocada entre aspas. Eu diria que lastimável é a maneira desrespeitosa como ele se refere à instituição. Ao que parece, o Cristielson desconhece totalmente o trabalho centenário realizado pela IEADPE.

Depois ele diz: “estão com tanto medo que seus membros conheçam o Calvinismo, que estão proibindo os irmãos de comprar e estudar qualquer livro que seja de linha reformada.”  

Na verdade, a liderança da IEADPE nunca proibiu seus membros de comprar ou estudar qualquer tipo de livro. O que a liderança tem enfatizado é que deve-se ter cautela nas leituras que os membros estão fazendo. Isso é totalmente compreensível, visto que muitas pessoas não tem maturidade bíblica e literária e podem correr o risco de acreditarem em tudo quanto leem ou ouvem. Isso não se constitui uma proibição, porém um zelo do ministério com as ovelhas do nosso Senhor Jesus Cristo. Vale também salientar que a liderança da IEADPE não está com medo do Calvinismo, embora tenha todos os motivos para isso. Todos podemos perceber que por onde o calvinismo passa, deixa um rastro de contenda, intolerância e pertubação no meio do corpo de Cristo. Por acaso, estaria errada a IEADPE por se preocupar com seus membros? De forma alguma!

Em seguida ele continua :"É o cabresto da religião que quer limitar o conhecimento do povo de Deus, é a maldita religião cega pelo sistema dos ‘coronéis’ que usam o poder para fazer do povo massa de manobra, o que a Assembléia tem é medo de perder membros, medo da receita cair, medo de que o povo mude.”

Mais uma sessão de ataques é direcionada à instituição e aos seus líderes. O autor do texto dá a entender que os assembleianos precisam de livros reformados para não terem um conhecimento limitado e afirma que a Assembleia tem medo de perder membros, medo da receita cair e medo de que o povo mude.

Sem dúvida, é ilusório pensar dessa forma. A IEADPE é uma das igrejas que mais crescem no país. Ela tem se comprometido seriamente com o Evangelho de Cristo e não depende de nenhum sistema teológico criado por A ou B para crescer. O crescimento da Assembleia de Deus é um presente dado pelo próprio Espírito Santo, fruto de um intenso trabalho de evangelismo e ensino bíblico. Por incrível que pareça, as igrejas que têm perdido seus membros são justamente aquelas que se dizem detentoras da verdade e do "verdadeiro evangelho". Essas, não crescem, pois não investem tanto no evangelismo e precisam ficar “pescando” membros de outras denominação enquanto criticam todas elas.

O que o Cristielson chama de “medo de que o povo mude”, eu chamo de zelo pelas pessoas. A verdadeira mudança  não é aquela que vem através de livros reformados, mas pela Palavra de Deus. Sendo assim, os salvos que fazem parte da membresia da IEADPE já estão transformados pelo poder do Evangelho de Cristo. Dessa forma, é de se esperar que os líderes ensinem suas ovelhas a se protegerem de teologias que em algum sentido sejam nocivas à elas.

Ele termina seu texto dizendo: “Por isso incentivo aos irmãos, não se intimidarem com pressões psicológicas infundadas em achismos religiosos, sejam livres em Cristo, estudem, leiam, comprem livros, estudem a Bíblia, o conhecimento os libertará do engano religioso.”

Para finalizar, eu gostaria de pontuar algumas coisas:

Primeiro, as pessoas devem sim estudar, ler e comprar livros. Contudo, deixo claro que as Escrituras por si só são suficientes e essenciais para o nosso entendimento acerca das coisas de Deus. Os livros reformados não estão no mesmo patamar que a Bíblia e por isso estão sujeitos à falhas e erros.

Segundo, de forma alguma devemos pensar que aqueles que não conhecem os livros reformados são inferiores aos que conhecem ou que eles não estão livres em Cristo.

Terceiro, os livros reformados são algumas das ferramentas para se estudar a Bíblia e não as únicas. Existem outras visões que são dignas de crédito e também merecem ser estudadas.

Meu quarto posicionamento é em relação aos reformados que atuam na internet. Não admiro muito a geração de reformados de internet. Leem dezenas de livros reformados, sem nunca terem lido a Bíblia toda. Aprendem sobre Deus com as lentes de Piper, Sproul, Calvino, Spurgeon, Nicodemus, MacArthur, Pink, Owen e já se acham preparados para criticar todos os que pensam diferente. Me parece que a "Sola Scriptura" está faltando na prateleira da maioria deles.

E quinto, a IEADPE não se sente intimidada, nem ofendida pelos ataques planejados com o objetivo de denegrir a imagem da instituição e de trazer IBOPE para as páginas reformadas, pois bem sabemos que a mentira nunca prevalecerá contra a verdade.

Que Deus abençoe a todos!

20 de outubro de 2016

O Egito na época de Moisés: do nascimento ao Faraó do Êxodo.


Por Everton Edvaldo

Leitura Bíblica: (Êxodo 2.2; 2.23; 4.19)

Introdução: A Bíblia está repleta de crônicas localizando nações, reis e governantes. Todos os fatos nela descritos podem ser provados historicamente, entre eles no Egito. Você sabia que o Egito é a segunda nação mais mencionada na Bíblia? Nesse estudo regressaremos à época de Moisés, há 3525 anos. Esse estudo gira em torno de como era o Egito na época de Moisés e a localização do Êxodo dentro da narrativa bíblica. A Bíblia é histórica e os fatos são reais. O Êxodo realmente ocorreu! Os faraós existiram. Nesse estudo responderemos a algumas perguntas, por exemplo: "Como era o Egito na época de Moisés? ",  " Como eram as cidades, e a cultura, a escrita, e a educação?", "Quem foi o Faraó do Êxodo?", "Quem foi a princesa que salvou Moisés do Nilo?". Iremos responder a essas perguntas na medida em que o estudo for sendo desenvolvido. Boa leitura!

COMO ERA O EGITO NA ÉPOCA DE MOISÉS.

Moisés nasceu por volta do ano 1525 a.C. Na época de Moisés, o Egito era a maior potência mundial. Um país rico e poderoso capaz de construir grandes monumentos,pois era cheio de prosperidade material e territorial. Era o centro mundial da engenharia, matemática e astronomia. Na época de Moisés atingiu o seu apogeu militar e econômico. Conforme  escreveu André Daniel Reinke: "Enfim, foi o maior e mais rico império de seu tempo, avançado em muitos aspectos."

Origem do Egito. De acordo com Antônio Gilberto: " O Egito foi fundado por Mizraim, filho de Cão, logo após o dilúvio (Gn 10.6,13)."

A cultura egípcia. O Egito era repleto de cultura. Cheio de artes, retratava nelas a sua vida cotidiana, suas crenças, e sua inteligência. Sobre isso nos diz Charles R. Swindoll: "Pode-se dizer que eram a ‘classe nobre’ daquela época. Na área educacional eles haviam chegado ao ponto máximo." Eles tinham as melhores universidades, a mais alta economia e a cultura mais rica.

As pirâmides. De acordo com André Daniel Reinke: "No tempo do Êxodo, as pirâmides já eram construções muito antigas. As famosas Queóps, Quéfren e Miquerinos já existiam havia mais de 1.300 anos (foram por volta de 2.160 a.C). Todas elas, em qualquer tempo, foram túmulos reais. Nelas estavam enterrados os faraós do Egito, cujas múmias eram acompanhadas de tesouros e jóias, estátuas, máscaras mortuárias de ouro e outras preciosidades." Foi nesse ambiente que Moisés nasceu, cresceu e contemplou dia após dia. Certamente ele conheceu muitas pirâmides.

As jóias egípcias. Os egípcios gostavam de se vestir elegantes, pintados e bem produzidos. Se preocupavam com a beleza externa do seu corpo. Segundo André Daniel Reinke: "Os egípcios produziram jóias fantásticas, lindas e muito bem acabadas, fabricaram todo tipo de pingentes, colares, braceletes, e assim por diante. Eles se preocupavam muito com a aparência, usavam maquiagem para o rosto e adereços com enfeite."

A escrita egípcia. A escrita que ficou mais conhecida no Egito foi a Hieroglífica. De acordo com André Daniel Reinke: "Era baseada em sinais, desenhada sobre pergaminhos feitos de papiro uma planta muito comum no rio Nilo, cujo caule era aberto e suas fibras unidas, formando essa folha sobre a qual se podia escrever." Sobre isso escreveu Severino Pedro: "A escrita hieroglífica era também considerada sagrada (hieros, "sagrado" e glyphein, "gravar."). Os antigos egípcios chamavam seus textos escritos de "palavras dos deuses". [...] Havia três modalidades básicas: Hieroglífica, a escrita sagrada dos túmulos e templos; a hierática, uma simplificação da anterior; e a demótica, a escrita popular, usada nos contratos redigidos pelos escribas."

A educação de Moisés no Egito. Moisés recebeu a melhor educação existente nos seus dias. Sobre isso escreveu o erudito Matthew Henry: "Embora seja certo que ele estivesse a desfrutar tudo o que a corte tivesse de melhor no momento devido, neste ínterim Moisés teve a vantagem de receber a melhor educação e o melhor desenvolvimento que a corte podia oferecer. Este preparo, aliado a uma grande capacidade pessoal, fez com que Moisés se tornasse mestre em todo o conhecimento legítimo dos egípcios, At 7.22." Moisés se tornou um dos homens mais educados de sua época, vejamos o que diz o erudito W. W Wiersbe: "O que fazia parte dessa educação? Os egípcios eram uma civilização extremamente desenvolvida para sua época, especialmente nas áreas de engenharia, matemática e astronomia."

O rio Nilo. Esse rio bastante conhecido na história é o segundo maior rio do mundo, só perde para o Amazonas. É importante falar sobre esse rio, pois sem o Nilo o Egito não existiria. O Egito depende dele para sobrevivência. De acordo com Severino Pedro: "O Nilo movia a economia. Era adorado e venerado como sendo a origem de toda a felicidade do povo egípcio. Assim, tanto na adoração como no louvor se dizia: ‘o Egito é uma dádiva do Nilo.’ Alimentava milhares de pessoas numa área de 3.000 quilômetros de comprimento por 15 quilômetros de largura. Garantia unidade à civilização egípcia, mas trabalho, como a construção de diques e canais de irrigação, o que exigia um poder forte e centralizado." O rio Nilo é um dos rios mais extensos do mundo com 5.607 Km. Fora do Nilo o Egito possui poucos acúmulos naturais de água potável. Segundo André Daniel Reinke: " Todas as comunidades egípcias se desenvolveram às margens do Nilo, que irrigava o solo para plantações, e os transportes eram feitos por via fluvial." Moisés cresceu vendo canoas de junco, barcos e até navios de carga navegando pelo Nilo. Vale salientar que foi nesse rio que Joquebede colocou o menino Moisés. Deixo aqui também as palavras do pastor Antônio Gilberto: "Foi no seu delta (terra de Gósen) que o povo Israelita permaneceu no Egito (Gn 47.6). Foi nas águas deste rio que o pequenino Moisés flutuou (Êx 2.3). É portanto um rio ligado à História do povo escolhido."

         As cidades egípcias. De acordo com A. Daniel Reinke: "As cidades egípcias eram grandes, possuíam mercados, escolas, magníficos templos e construções ricamente ornamentadas, estátuas e colunas colossais, oficiantes de charretes, artesãos, ourives, fabricantes de vinho e cerveja, enfim, as mais diversas atividades. Os egípcios eram avançados na medicina: tinham bons ortopedistas, obstretas e até  oftalmologistas. Conheciam muito bem o corpo humano por causa da mumificação que faziam em seus mortos- os nobres, claro."

Religião egípcia. Não quero me deter aqui nesse ponto, por isso serei breve e claro. Até porque a religião egípcia é um assunto extenso e não tenho por objetivo me prender nesse assunto. Bem, na época de Moisés a religião egípcia já era Politeísta, ou seja, eles serviam e acreditavam em vários deuses. Eles eram bem religiosos, mexiam com ocultismo, misticismo e magia. No panteão dos deuses, os mais conhecidos eram Ísis, Osíris, Hórus, Anúbis, Rá, Seth, Toth e etc. Esses deuses assumiam formas humanas, animais e naturais. Adorava-se o Nilo, o Falcão, o Sol e até o próprio Faraó. Enfim, a religião egípcia era totalmente pagã e impura.

O GOVERNO DO FARAÓ NO TEMPO DE MOISÉS:

De acordo com o Pastor Ezequias Soares: "O termo "Faraó" é uma deformação grega de (Pharao) vinda da palavra egípcia Per aa  "a grande casa", empregada para indicar o palácio real. A partir de 1580 a.C; veio a ser usada para designar o próprio soberano. O Egito foi sempre uma monarquia absoluta, cujo topo era ocupado pelo Faraó, que detinha o poder político, religioso e militar. Considerado deus, ostentava o título de filho do Sol."

O Faraó era o poder máximo no Egito. Conforme Severino Pedro: "Tinha por título "filho do Sol", e representava o poder religioso, político e militar de todo o Egito. O nome "Faraó", na realidade é uma deformação grega de uma palavra egípcia que indicava o palácio real. Somente durante o Império Novo é que a palavra "Faraó" passou a designar a pessoa do soberano. Tinha várias mulheres, mas só a primeira podia usar o título de rainha."

O Faraó também era cultuado. Randall Prince em trabalhos de arqueologia egípcia descobriu que o Faraó também era considerado deus. Ele diz: "O que descobrimos é que Faraó era considerado como a encarnação do deus sol Rá e Horus - Osíris, os deuses mais importantes do Egito. Assim, ele era visto como o principal deus do mundo."

O NOVO IMPÉRIO E A DINASTIA:

Qual família real governava na época de Moisés? Bem; a época de Moisés se situa no Novo Império egípcio, uma época de crescimento e apogeu do Egito. Vejamos agora como se desenvolveram esses fatos.

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe: "O Novo Reino ou Império (Dinastias XVIII-XX; 1580-1090 a.C.) representou o ponto alto da expansão territorial egípcia, uma era de conquistas e de prosperidade material. Agora, o objetivo real estava dirigido à destreza física do divino rei, para fazer dele um homem de força insuperável e um habilidoso atleta. Dentre os governantes desse período podemos destacar os seguintes (Dinastias XVIII) Hatshepsut, a mulher rainha, possivelmente a princesa que encontrou o bebê Moisés (Êx 2.5-10), bastante conhecida por seu belíssimo templo mortuário em Deir el - Bahri (...)."

Cronologia dos Faraós 18 Dinastia.: (É importante lembrar que as datas são aproximadas, e que essa cronologia não é fixa, nem tampouco definitiva)



1º Amósis I


8° Tutmósis IV


2º Amenotepe I (1546-1525 a.C.)


9° Amenotepe III


3º Tutmósis I [O Faraó que governava quando Moisés nasceu] (1525-1508 a.C.)


10° Amenotepe IV (Akhenaton)


4º Tutmósis II (1508-1504 a.C.)


11° Smenekhare


5° Hatshepsut [a princesa que provavelmente salvou Moisés do Nilo] (1504-1482 a.C.)


12° Tutancâmon


6º  Tumósis III [o Faraó da Opressão da qual Moisés foge. A morte dele está descrita em Êxodo 2.23] (1482-1450 a.C.)


13° Eje


7° Amenotepe II [O Faraó do Êxodo, que perseguiu o povo até o mar.] (1450-1425 a.C.)


14° Horemheb


FARAÓ TUTMÓSIS I.

 Muitos fazem a seguinte pergunta: "Quando Moisés nasceu, qual era o Faraó que governava?", ou então " Qual o nome do Faraó que mandou jogar os bebês no rio Nilo?". Esse tópico pretende localizar essas respostas dentro da História.
Já vimos que Moisés nasceu por volta do ano 1525 a.C, no mesmo ano em que Tutmósis I assumiu o trono. Logo, ele era o Faraó que governava na época em que Moisés nasceu.

Era um homem que assim como Amenotepe I (seu sogro) e Amósis I preocupou-se em expandir o Egito, e ele fez isso dedicando -se a conquistas e expedições militares. Seu sogro Amenotepe I quando morreu deixou o Egito como o país mais rico e mais poderoso do mundo. Amenotepe I era casado com sua irmã, (acreditava-se que casando-se os parentes a linhagem real seria preservada, porém na prática isso falhou.)  Amenotepe I não teve filhos do sexo masculino para sucedê-lo no trono, então Amósis sua filha primogênita casou com um militar chamado Tumósis I. Após a morte de Amenotepe I, o militar Tutmósis I herdou o trono.

 Esse Tutmósis I, foi o Faraó que mandou jogar os bebês hebreus no rio Nilo. Ele não teve filho homem com sua mulher legítima para subir no trono. Ele foi Pai de Hatshepsut, a princesa que salvou Moisés do rio Nilo (Êx 2.5-10). Tumósis I também teve uma mulher no harém chamada Mutnofre, e teve com ela um filho que se chamava Tutmósis II. Hatshepsut filha de Tumósis I  foi destinada a casar com seu meio-irmão Tutmósis II. Tumósis I morreu quando Moisés tinha mais ou menos 17 anos. Sendo assim Tutmósis II assumiu o trono.

Sobre tudo isso comentou Merril F. Unger: "Visto que Tumósis I não deixou herdeiro legítimo do sexo masculino que ocupasse o trono, sua filha Hatshepsute era herdeira presuntiva. Sendo impedida, contudo, devido ao sexo, de sucedê-lo, a única solução que lhe restava era transmitir a coroa a seu marido, através do casamento, e assegurar a sucessão para seu filho. Afim de frustar um dilema para a dinastia, e impedir a perda da coroa em favor de outra família, Tutmósis I foi obrigado a casar sua filha com seu meio-irmão mais novo, filho de um casamento menos importante, que assumiu o trono como Tutmósis II."

 HATSHEPSUTE, A PRINCESA QUE ADOTOU MOISÉS:

Tutmósis II não ficou tão conhecido na história, o que se sabe é que ele teve um reinado curto de apenas 4 anos. Teve apenas uma filha com Hatshepsute. E possuía uma amante da qual lhe nasceu um filho. Antes de morrer legitimou o filho (que não possuía sangue real) ao trono. Sobre isso escreveu Ezequias Soares: "Hatshepsut e Tutmósis II governaram juntos o país, mas ele sofreu morte prematura.

O casal teve só uma menina, mas ele moribundo, se apressou em legitimar um filho que havia tido com uma concubina do harém, para que herdasse o trono como Faraó. Esse futuro Tutmósis III era enteado e ao mesmo tempo sobrinho de Hatshepsute. Era ainda criança quando ela assumiu o trono. De fato, foi ela quem governou o Egito. Embora ela não quisesse ser rainha, mas o próprio Faraó e conseguiu isso com o apoio dos sacerdotes do deus Amom, de Tebas. Ela assumiu características e atributos masculinos, usou vestes reais masculinas e barbas postiças comum ao Faraó."

 Hatshepute era uma mulher de punho forte, inteligente, rejeitou ser rainha. Ela era o próprio Faraó. Foi a única mulher na história egípcia a se tornar Faraó. Quando ia se pronunciar em público vestia vestes masculinas, e até foi enterrada como Faraó. Nunca deixou de ser mulher, nem mãe, mas tinha um espírito aventureiro, de governo, domínio e astúcia. Sobre ela escreveu Severino Pedro: "Neste período se destaca a rainha Hatsepsut, que se proclama regente do trono egípcio após depor seu sobrinho Tutmósis III e reina 22 anos, usando barba e vestindo trajes de homem.

 De acordo com Merril F. Unger: "Hatshepsut, (...) não apenas assumiu o reinado durante a minoridade de Tutmósis III, mas recusou-se a entregar-lhe a regência, mesmo depois da sua maioridade." E ele continua: "Logo de começo, a enérgica rainha anunciou sua intenção de reinar como homem. Seu brilhante reinado foi caracterizado por notável prosperidade e grandes construções, e não chegou ao fim antes de cerca de 1486 a.C., quando em seguida à sua morte, o impaciente e invejoso Tutmósis III subiu ao trono e, imediatamente, destruiu ou obliterou todos os monumentos dela." De acordo com Severino Pedro: "Depois de sua morte, Tutmósis III recuperou o trono e ordena que sejam apagados todos os monumentos que continham o nome de Hatshepute, reinando então por 34 anos." Segundo Ezequias Soares: "Só depois da morte de Hatshepute é que Tutmósis III finalmente conseguiu assumir o trono do Egito."

TUTMÓSIS III, O FARAÓ DA OPRESSÃO.

Muitas pessoas perguntam: "Quem foi o Faraó da Opressão, de quem Moisés fugiu?" e "Quem foi o Faraó do Êxodo?". Atualmente há duas posições sobre quem seria o Faraó do Êxodo. Uma é mais conservadora e mais antiga, a outra moderna. Apesar de tantas discussões em torno disso, não há nenhum indício fiel, sério e definitivo que prove que Ramsés II e Mernepta são os Faraós descritos em Êxodo. Creio que a posição mais conservadora é convincente quando o assunto é datas, cronologia, Dinastias, etc. Por isso creio que o Faraó da Opressão foi Tutmósis III e o do Êxodo: Amenotepe II. Vejamos agora alguns indícios:

Vejamos agora alguns indício segundo Merril F. Unger: " A História contemporânea Egípcia permite calcular a data do Êxodo em torno de 1441 a.C. esta data cai bem provavelmente, nos primeiros anos do reinado de Amenotepe II (1450-1425 a.C), filho do famoso conquistador e imperador Tutmósis III (1482-1450 a.C). Um dos mais notáveis dentre os Faraós da Opressão.

De acordo com o registro Bíblico, Moisés esperou a morte do grande opressor para voltar ao Egito, de seu refúgio em Midiã (Ex 2.23). O Êxodo teve lugar não muito depois, no reinado de Amenotepe II, que era, evidentemente, o rei que endureceu o coração e não queria deixar os filhos de Israel saírem. A morte de Hatshepsut e a ascensão de Tutmósis III inaugurou, sem dúvida, a última e mais severa fase da opressão de Israel. O novo monarca foi um dos maiores conquistadores da história do Egito."

Ele ainda fala: "A descrição de Tutmósis III como o grande opressor dos Israelitas, é plenamente digna de crédito. Ele era um grande construtor, e empregava cativos semitas em seus vastos projetos de construções."

De acordo com o Dicionário Bíblico Wycliffe: "A combinação de Tutmósis III e de Amenotepe II ajusta-se bem às exigências do Faraó da Opressão e às do Faraó do Êxodo, respectivamente. Tutmósis seria o governante cuja morte está registrada em Êxodo 2.23, o mesmo de quem Moisés fugiu em 2.15 (cf 4.19). Ele reinou sozinho por 34 anos (1483-1450 a.C). Em outra parte do dicionário está escrito que: " Tutmósis (1504-1450 a.C) foi um hábil veterano cujas 17 expedições para a Palestina-Síria serviram para realmente estruturar o império." Severino Pedro diz: " Durante seu reinado, o Egito experimentou um período de maior esplendor e prosperidade."

Vale salientar que Moisés cresceu convivendo com Tutmósis III. Imagine agora Moisés criado como um príncipe, com a melhor educação. Fazia parte da Nobreza. Havia possibilidade de Moisés herdar o trono do Egito, caso Tutmósis II o legitimasse. Imagine: "Faraó Moisés". Mas os planos de Deus eram outros. De acordo com Matthew Henry: "A tradição dos judeus diz que a filha de Faraó não tinha filhos, e que era filha única de seu pai, de forma que quando ele foi adotado como seu filho, passou a ter direito à coroa."

Já Lawrence O. Richards diz que: "(...) Moisés, achado por uma princesa, foi adotado pela família real do Egito. Como filho da princesa, Moisés pode até mesmo ter reivindicado o trono do Egito!" Isso só seria possível enquanto Hatshepsut estivesse viva.

De acordo com Ezequias Soares: "Enquanto viveu, Hatshepsut conseguiu inutilizar Tutmósis III. Parece que Moisés representava uma ameaça para o enteado e sobrinho da rainha. É estranho que o Faraó estivesse procurando matar Moisés, um príncipe do Egito, por causa da morte da morte de um egípcio, a ponto de fazê-lo fugir para Midiã (Ex 2.15). Era algo pessoal, pois o Faraó tentava se livrar de Moisés. A essa altura, Hatshepute era a única pessoa do Egito capaz de quebrar as regras e colocar o trono do Egito ao alcance de Moisés."

Essa perseguição com Moisés era motivada por inveja, Tutmósis III tinha inveja de Moisés. A Bíblia diz que Moisés era instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras (At 7.22).

No período em que ele governou Moisés fugiu para o Egito, após a sua morte, Moisés regressa ao Egito após obedecer à chamada de Deus. Tutmósis morre por volta de 1450 a.C. Conforme escreveu Ezequias Soares: "Tutmósis III é o único Faraó do período que reinou tanto tempo desde a fuga de Moisés do Egito até a Teofania do Sinai."

Segundo Antônio Gilberto: "Totmés III foi um dos maiores reis do Egito. Seu túmulo está em Tebas e sua múmia no museu do Cairo." Após a morte de Tutmósis III, seu filho Amenotepe II assumiu o trono e se tornou o novo Faraó.

AMENOTEPE II O FARAÓ DO ÊXODO.

 Esse tópico não tem como objetivo ser extenso, nem de expor todas as provas existentes que afirme a veracidade de Amenotepe II ter sido o Faraó do Êxodo. Também não tem por objetivo discorrer sobre todas as informações desse Faraó, nem entrar no assunto das pragas ou derrota no mar vermelho.

 A maioria dos teólogos afirmam que o Faraó do Êxodo foi Amenotepe II, ou põem o Êxodo em 1445 a.C, que é uma data bem confiável. Entre eles estão: Alexandre Coelho, Silas Daniel, Severino Pedro, Claudionor de Andrade, Antônio Gilberto, W.W. Wiersbe, Lawrence O. Richards, Randall Price, Merril F. Unger.

Governou o Egito por cerca de 25 anos. O Dicionário Wycliffe afirma: "De acordo com a data inicial que se assume para o Êxodo (cerca de 1445 a.C.) ele [Tutmósis III, grifo meu] teria sido o Faraó da Opressão (Êx 2.15,13). e seu filho Amenotepe II, teria sido o Faraó do Êxodo (Êz 5-14)." Ou seja, em Êxodo do capítulo 5 ao 14 o Faraó foi Amenotepe II. Ezequias Soares confirma isso quando escreveu: "O Faraó do Êxodo, que experimentou as dez pragas e mais a derrota no mar vermelho, foi seu filho, Amenotepe II, cuja múmia se encontra ainda hoje no museu do Cairo, Egito."

 Seu filho primogênito morreu na 10° praga do Egito, cedendo espaço assim para Tutmósis IV, seu filho mais novo. O Dicionário Bíblico Wycliffe diz: "Tutmósis IV ( 1425-1417 a.C), filho e sucessor de Amenotepe II, deixou uma impressionante estela entre as pernas da esfinge de Gizé. Em um sonho, foi-lhe dito que ele receberia o reino (ANET, p. 449). Se ele fosse o primogênito do seu pai, não teria sentido uma promessa divina de que ele seria rei um dia. Podemos inferir que o filho mais velho de Amenotepe deva ter morrido antes de seu pai, deixando assim a sucessão para seu irmão mais novo. Isto está de acordo com a morte dos primogênitos, na última praga (Êx 12.29)."


Conclusão: Em meio à tanta especulação no terreno da história bíblica, precisamos de fatos convincentes que nos levem a ter em mente que o livro do Êxodo é um livro histórico. O Egito foi palco de uma boa parte do crescimento de Israel. Enquanto o povo de Deus vivia nele, o Egito alcançou poder , glória, e força. Depois do juízo de Deus sobre o Egito com as dez pragas e a derrota de Amenotepe II no mar vermelho, o Egito perdeu seu status mundial. Segundo Ezequias Soares: "Depois do Êxodo, o Egito nunca mais conseguiu manter a sua glória passando a ser uma potência de segunda categoria."

SALMOS, O LIVRO DOS LOUVORES


Por Everton Edvaldo

Leitura Bíblica: (1 Crônicas 16. 7-9)

Introdução: Desde muito cedo estamos familiarizados com o livro de Salmos, quem nunca admirou o Salmo 23? e o que dizer do Salmo 91 que nos faz descansar em Deus? Nesse livro encontramos exemplos de consolo, alegria, fé e confiança para todas as circunstâncias da vida. Podemos ver que pela boca dos Salmistas, Deus é glorificado de uma forma tremenda! Mark Dever escreveu “Salmos é o livro mais longo da Bíblia. Ele contêm mais capítulos que qualquer outro livro da Bíblia, como também os capítulos mais longos e mais curtos da Bíblia. […] Sem dúvida, é o livro mais popular do Antigo Testamento.”

           I- SUA IMPORTÂNCIA:

1. O livro dos Salmos representa uma coleção de cânticos, hinos e poemas hebraicos, oriundos de vários períodos da história de Israel; este livro era o hinário do povo de Deus. Ele fala das experiências do povo de Deus e mostra como era o coração dos adoradores naquele tempo. São 150 Salmos e 2.461 versos.

2. Segundo o teólogo Pentecostal Myer Pearlman: “Nos Salmos, percebe-se como Deus toca todas as emoções da alma piedosa, produzindo cânticos de louvor, confissão, adoração, ações de graças, esperança e instrução. Até hoje, não foi achada linguagem melhor para que nós nos expressemos diante de Deus. As palavras dos Salmos são a linguagem da alma”.

3. “Os Salmos têm uma importância especial na Bíblia. Lutero descreveu esse livro como “uma Bíblia em miniatura”. Calvino o descreveu como “uma anatomia de todas as partes da alma”, visto que, como explicou, “não existe emoção que não é representada aqui como em um espelho”. Johannes Arnd escreveu: “O que o coração é para o homem, os Salmos são para a Bíblia”. W. O. E. Oesterley descreve os Salmos como “a maior sinfonia de louvor a Deus que já foi escrita na terra” (BEACON); Abraham Lincoln confidenciou a um amigo a respeito dos Salmos: “Eles são ótimos. Encontro alguma coisa neles para cada dia do ano”.

4. O Novo Testamento cita o livro de Salmos mais que qualquer outro livro. Segundo Beacon: “O lugar que os Salmos recebe no Novo Testamento claramente testifica sobre o valor desse importante livro. Dos aproximadamente 263 textos do Antigo Testamento citados no Novo Testamento, um pouco mais de um terço, ou seja, um total de 93 é tirado do livro de Salmos. Alguns deles, mais particularmente os Salmos 2 e 110, são citados diversas vezes”.

II- O NOME DO LIVRO:

1. “O livro dos Salmos é o primeiro livro na terceira divisão da Bíblia hebraica. Conhecida como Kethubhim ou Escritos, essa terceira divisão era popularmente conhecida pelo nome do primeiro livro, isto é, “Os Salmos” (BEACON). Porém o próprio livro não tem título e nenhum título é encontrado em qualquer parte do Antigo Testamento, posteriormente os judeus lhe deram o nome de Sepher Tehillim ou “Livro dos louvores”. O moderno título desse livro foi a tradução da palavra hebraica Mizmor para o grego Psalmos, que indica um cântico para ser cantado com o acompanhamento de algum instrumento de cordas, como a harpa.

2. O título em Português vem da Septuaginta Psalmoi significa “cânticos sagrados” e é derivado da raiz que significa “impulso, toque” em cordas de um instrumento, o título hebraico é Tehillim, e significa “cânticos de louvor”. Segundo o dicionário Bíblico Vine: Psalmos denotava primariamente “toque ou puxão com os dedos (em cordas musicais)”.

III- AUTORES E DATA:

1. Muitos dos Salmos são anônimos e a autoria de alguns está em dúvida. Os autores geralmente reconhecidos são estes:

a) Davi: Compôs cerca de 48,6% dos Salmos, ou seja, 73. Os seus Salmos em sua maioria são pedidos de socorro, e súplicas por livramento das enfermidades e perseguições. São eles: 3,4,5,6,7,8,9,11-32,34-41,51-61,63,64,65,68,69,70,71,86,101,103,108,109,110,122,124,131,133,138-145.

b) Asafe: Segundo o Teólogo Severino Pedro: “Seus Salmos representam cânticos nacionais ou didáticos que celebram o triunfo das vitórias ou expressam o sofrimento das derrotas do povo. Também tinham como finalidade ensinar verdades morais.[...] Asafe era um profeta de Deus ligado à música, seus cânticos vinham diretamente de Deus e eram compostos por Davi (1 Cr 25.1,2)”. Seu nome significa: “O homem de quem Deus se apoderou”. Era um dos mestres no serviço do coro do tabernáculo no tempo de Davi, tinha dons relacionados à música e à profecia (1 Cr 6.39; 15.16-19; 2 Cr 29.30). Compôs 12 Salmos. São eles: 50,73-83.

c) Os filhos de Coré: “Os filhos de Coré, por serem levitas (Nm 16.1), centralizam atemática de seus salmos no culto, no templo, na cidade santa”.(S.P. da Silva). Eram dirigentes da adoração em Israel, uma família talentosa na música. (compuseram 10 Salmos) São eles: 42,44,45,46,47,48,49,84,85,87.

d) Salomão: Rei de Israel e filho de Davi, compôs 2 Salmos. São eles: 72,127.

e) Etã: um cantor. Compôs o Salmo 89.

f) Hemã: um cantor e profeta do rei ( 2 Cr 6.33; 15.19; 25.5,6). Compôs o Salmo 88.

g) Moisés: o chefe e legislador de Israel. Compôs o Salmo 90.

h) Anônimos: Cerca de 1/3 dos Salmos são anônimos, a eles se atribuem a autoria de Esdras, um escriba que ensinava a lei aos judeus depois do cativeiro babilônico(119); Ezequiel, rei de Judá; Ageu e Zacarias. Também a Jedutum, cantor-mor no tabernáculo( 1 Cr 25.10). São eles: 1,2,10,14,33,43,66,67,91-100,102,104-107,111-121,123,125,126,128,129,130,132,134,135,136,146-150.( 50 Salmos).

2. Entretanto, como na melhor das hipóteses esses títulos representam apenas uma antiga tradição e não podem ser considerados como parte do texto original inspirado.

3.Data: O Salmo mais antigo vem de Moisés, no século XV a.C.( Sl 90); os mais recentes provêm dos séculos VI e V a.C. A maioria dos Salmos, no entanto foi escrita no século X a.C., durante a áurea da poesia em Israel, nos tempos de Davi e Salomão.

IV- OS TÍTULOS:

1. De todos os Salmos apenas 34 não têm títulos, eles geralmente vêm impressos na tradução portuguesa acima do primeiro versículo. Embora os títulos não tenham feito parte do texto original do Salmo, são muito antigos. Esses títulos foram acrescentados posteriormente por um editor ou colecionador. Os tradutores da Septuaginta, ou versão grega da Bíblia hebraica, já encontraram esses títulos anexados aos Salmos, mas tão obscuros que eram incapazes de entender o seu significado geral.

2. Os títulos contam inúmeros termos técnicos cujo significado foi perdido. Em geral, existem vários tipos de títulos. Há aqueles que descrevem a natureza do poema, ou seja, um Salmo como um cântico, Shir; um Salmo, Mizmor; um Salmo de louvor, tehillim; uma oração, tephillah; um Miktam; um Maskil; e Shiggayon. Outro tipo de títulos é atribuído ao uso litúrgico dos Salmos. Segundo os estudiosos: Nos cultos havia a utilização de alguns Salmos como o Salmo 30 “um canto para a consagração do templo”, o Salmo 92 “um Salmo para o dia de sábado e os cânticos dos degraus( Sl 120-134)”.

3. Eles também podem representar um autor, colecionador ou alguém a quem o Salmo foi dedicado: Davi, Salomão, Moisés, ou os filhos de Coré. Podem representar alguma mensagem musical como “ao músico chefe”, “para os jovens” ou talvez o tom de um hino como “de acordo com a corça da manhã”(22.1).

4. O Pr Severino Pedro em seu livro: A Bíblia o livro de Deus apresenta um quadro com possíveis significados desses títulos, com base nisso, eis aqui um resumo adaptado:

Selá: sugere-se que essa palavra seja um sinal musical que significa “levantar”, indica uma “pausa” para o descanso ou para ênfase daqueles que cantam ou tocam.

Neginote: É um instrumento de música.

Neilote: Não é um instrumento de música, mas significa “herança”. Está no Salmo 5.
Gitite: Significa “lagar”, “juízo”. Indica predições escatológicas.

Mute-Labem: Está no Salmo 9. Significa “morte de um filho”, e não é um instrumento de
música. Talvez tenha sido composto após a morte de Absalão (2 Sm 18).

Mictão: Está nos Salmos 56-60. Significa “oração” ou “meditação”.

Ajelé-Has-Saar: Está no Salmo 22 significa “veado da madrugada”, é um título e não um instrumento.
Jedutum: É visto nos Salmos 39,62,77; era um levita, mestre do cântico em Israel( 1 Cr 9.16; 16.38,41,42; 25.1,3,6; 2 Cr 5.12; 35.15; Ne 11.17). Parece que é o mesmo Etã que aparece no Salmo 89.

Masquil: Este título também é adaptado como Malate, no Salmo 53, talvez trazendo aideia de ser cantado de maneira tristonha.

Maalate-Leonote: É visto no Salmo 88, indica “doença por humilhação”. Talvez citado em conexão com a tristeza, em razão de ser este Salmo o mais tristonho de todos.

Sigaiom, Siminite, Sosanim Edute, Al-tchete, Alamote são títulos que estão ligados diretamente à música , e por essa razão não contêm um sentido especial.

V- CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS:

Essa classificação foi feita pelo erudito e teólogo Russell Norman Champlin:

1. Lamentação, o maior grupo, com mais de 60 dos 150 salmos.
2. Ações de graças e louvor, mais de 30.
3. Hinos, cerca de 18.
4. Salmos reais, cerca de 17.
5. Salmos messiânicos, cerca de 15.
6. Litúrgicos, cerca de 11.
7. De sabedoria, cerca de 11.
8. De história sagrada, cerca de 9.
9. De chamamento à adoração, cerca de 8.
10. De confiança, cerca de 5.
11. Cânticos de Sião, cerca de 3
12. De louvor à lei, cerca de 3.
13. De proteção, cerca de 91 (outros exprimem sentimentos similares).
14. De tipos mistos, nos quais nenhum tema é dominante, mas vários temas se fazem presentes.
15. De oração pela vitória na batalha, Salmo 20 e partes de muitos outros.
16. Didáticos, partes de muitos salmos, sendo o Salmo 15 um bom exemplo.
17. De doxologia, o Salmo 150, que encerra a coletânea.

VI- A ESTRUTURA DO LIVRO:

1. Segundo BEACON: “Desde os primórdios da sua história o livro de Salmos no hebraico tem sido subdividido em cinco “livros” ou divisões que são especificados na maioria das traduções modernas.O Livro I inclui os Salmos 1-41. O Livro II, inclui os Salmos 42-72, oLivro III, os Salmos 73-89, o Livro IV, os Salmos 90-106 e o Livro V, os Salmos 107-150.

2. O Midrash judaico, ou comentário dos Salmos, compara esses cinco livros com os cinco livros de Moisés, o Pentateuco. [...] Um exame nos títulos dos salmos no Livro I revela que todos eles são creditados a Davi com exceção de 1; 2; 10 e 33. [...]

3.Uma segunda coleção, aparentemente organizada mais tarde, é encontrada no Livro II, Salmos 42-72. Desse número, sete (42; 44-49) são dedicados “aos filhos de Corá”, um é identificado como sendo de Asafe (50), oito de Davi, um de Salomão (72) e quatro estão sem títulos (43; 66; 67; 71).

4. No Livro III, o núcleo básico é formado por um grupo de salmos (73-83) atribuídos a Asafe, que era ministro de louvor de Davi (1 Cr 16.4-7). […] Os salmos nos últimos dois livros em sua maioria não têm descrição, embora um dos títulos atribua o Salmo 90 a Moisés; quinze salmos desse grupo são atribuídos a Davi, um a Salomão (127) e o Salmo 96 e parte do Salmo 105 a Davi conforme 1 Crônicas 16.7- 33.

5. Existem três agrupamentos discerníveis de salmos no Livro IV. Os Salmos 90-99 formam um grupo de dez salmos sabáticos, e o Salmo 100 é o salmo tradicional para o dia da semana. Os Salmos 103-104 são os dois Salmos de Bênção e Adoração, que têm como base o refrão: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor!”. Os Salmos 105-106 constituem dois “Salmos de Aleluia”.

6. No Livro V temos dois grupos davídicos, 108-110 e 138-145, além de dois outros salmostambém atribuídos a Davi (112; 133). Os Salmos 113-118 são conhecidos como o Hallel egípcio (referindo-se ao Êxodo no Salmo 114). O “Hallel” é um cântico de louvor. Hallelu- Yah (“aleluia!”) no original hebraico significa “Louvai ao Senhor”. […] Os Salmos 120-134, “Cânticos dos Degraus” ou “Cânticos da Subida”, são um grupo de cânticos de peregrinos comemorando o retorno do exílio e usados pelos devotos na sua peregrinação anual a Jerusalém. Estes quinze salmos formam um saltério em miniatura, divididos em cinco grupos de três salmos cada. Os Salmos 146-150 são conhecidos como o Grande Hallel. Cada um desses cinco salmos inicia e termina com a palavra hebraica Hallelu- Yah, que significa: “Louvai ao Senhor”.

VII- O USO DOS SALMOS:

1. No período do Antigo Testamento os Salmos eram usados para expressar pedidos, louvor e gratidão por parte dos adoradores de Deus. No Novo Testamento eles são citados mais do que outra obra do Antigo Testamento. Satanás citou o Salmo 91.11 no episódio da tentação de Jesus. É provável que o Senhor Jesus tenha citado o grande Halel (Sl 118) na última ceia. Ele citou os Salmos 22.1 e 35.5 na cruz. Os hinos que Paulo e Silas cantavam na prisão de Filipos eram provavelmente os Salmos. A igreja Primitiva os empregava nos cultos públicos e nas casas( Ef 5.19; Cl 3.16; 1 Co 14.26).

2. Segundo Severino Pedro: “ Os antigos rabinos reportam que na adoração no templo os Salmos eram cantados pelos levitas depois da oferenda diária de libação do vinho. Estes Salmos, que eram principalmente litúrgicos foram divididos em três seções, e nos intervalos, os sacerdotes da linhagem de Arão davam vários toques de trombeta. Havia uma série de Salmos para cada dia da semana:


1°. Salmo 23, o do Bom Pastor, para o domingo;

2°. Salmo 47 para a segunda-feira;

3°. Salmo 81 para a terça-feira;

4°. Salmo 93 para a quarta-feira;

5°. Salmo 80 para a quinta-feira;

6°. Salmo 92 para a sexta-feira;

7°. Salmo 91 para o sábado.



3. Cantava-se também 15 Salmos, chamados “Cântico das Ascensões”, nas festas dos tabernáculos.[...] Era entoado pelos adoradores que anualmente vinham prestar sua adoração a Deus depois da colheita”. Também era conhecido como Cânticos dos Degraus ou Cântico de Romagem. Eram os Salmos 120 ao 134.

Conclusão: Sem dúvida, o livro de Salmos têm trazido e continuará trazendo mensagens da parte de Deus para seu povo, sendo acima de tudo um livro inspirado pelo Espírito Santo. Nele encontramos orações que foram respondidas, livramentos, súplicas e promessas que foram cumpridas. Mostrando para nós a grandeza e a fidelidade do nosso Deus. 
 O louvor é uma das formas mais belas de se expressar diante de Deus.
É louvando a Deus que a nossa alma se alegra. Certamente o Senhor se agrada ao ouvir dos altos céus os seus filhos entoando cânticos a ele. Os salmos faziam parte tanto da adoração pública e coletiva quanto individual do povo de Deus.

Nós também devemos incorporar esses exemplos para nossa vida espiritual e devocional. Adoramos a Deus tanto com a nossa vida quanto com o nosso louvor. Sendo assim, cantemos e alegremo-nos no Senhor, porque dele procede todo o fôlego e inspiração.

“Louvai ao SENHOR! Ó minha alma, louva ao SENHOR! Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto viver.” (Salmos 146 1,2)


                                           BIBLIOGRAFIA:


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CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado-Versículo por  versículo. 2a ed. Rio de Janeiro: HAGNOS, 2001.

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PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia Livro por Livro. Rio de Janeiro: VIDA, 1964.

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